Que espécie é esta: percevejo aquático Ranatra linearis

A leitora Inês Machado Borges encontrou este insecto em Raposeira, Vila do Bispo, a 20 de Outubro e quis saber qual a espécie. José Manuel Grosso-Silva responde.

“Encontrei este bicho prestes a afogar-se no lago. Pensei tratar-se de um bicho pau mas a agulha junto aos quartos traseiros fez-me duvidar. Tem asas e voou bem alto”, escreveu a leitora à Wilder. 

Trata-se de um percevejo aquático da espécie Ranatra linearis.

Espécie identificada e texto por: José Manuel Grosso-Silva, responsável pelas colecções entomológicas do Museu de História Natural e da Ciência (Universidade do Porto).

O inseto fotografado é um percevejo aquático da espécie Ranatra linearis.

Apesar da semelhança com um bicho-pau é, na realidade, um hemíptero e pertence à família Nepidae, que em Portugal também inclui o escorpião aquático Nepa cinera.

Ambas as espécies são predadoras e capturam as suas presas com as patas anteriores preênseis. O formato dessas patas e a existência de uma cauda (que é um sifão respiratório usado para perfurar a película de tensão superficial da água e aceder ao oxigénio atmosférico mantendo o corpo submerso) são as características que explicam o nome “escorpião-aquático”.

O comportamento das duas espécies é bastante diferente, apesar de serem predadores de emboscada, porque Ranatra linearis vive na coluna de água, agarrando-se e movimentando-se normalmente pelas plantas aquáticas, enquanto Nepa cinerea se coloca no fundo, muitas vezes semi-enterrada e camuflada no lodo, enquanto espera que uma potencial refeição passe por perto! 


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.