Que espécie é esta: pitósporo

A leitora Mafalda Frazão Campos fotografou esta árvore na serra da Piedade, Almargem do Bispo, a 31 de Outubro e quis saber a que espécie pertence. Carine Azevedo responde.

“Hoje (31 de Outubro) na caminhada diária pela serra da Piedade (Almargem do Bispo) deparei-me com esta árvore (?) arbusto… Que arbusto/árvore é esta?”, perguntou a leitora à Wilder.

Trata-se de um pitósporo (Pittosporum undulatum).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

As fotografias retratam o pitósporo (Pittosporum undulatum), também conhecido como árvore-do-incenso, pitósporo-ondulado, pau-incenso, incenso, entre outros. 

Pertencente à família Pittosporaceae, o pitósporo é uma espécie nativa do sudoeste da Austrália. Em Portugal, é considerada uma espécie exótica e invasora, ocorrendo tanto no Continente como nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. 

O pitósporo assume geralmente a forma de arbusto ou pequena árvore, podendo atingir até 15 metros de altura. As folhas são persistentes, verde-brilhantes, ovado-lanceoladas e apresentam margens onduladas, dando origem ao nome da espécie undulatum. Ao serem esmagadas, as folhas libertam um odor pungente, daí o nome comum “árvore-do-incenso”. 

As flores agrupam-se em inflorescências, são brancas e perfumadas, com floração a ocorrer na primavera, entre março e junho. Os frutos são cápsulas globosas que adquirem tons alaranjados quando maduras, como evidenciado nas fotografias.

O pitósporo foi originalmente introduzido em Portugal por motivos ornamentais em jardins e outros espaços verdes. No entanto, encontrou condições altamente propícias para o seu desenvolvimento, escapando ao controlo humano, tornando-se uma espécie invasora, integrando a Lista Nacional de Espécies Invasoras conforme o Decreto-Lei nº 92/2019, de 10 julho

A sua reprodução vegetativa através de rebentos vigorosos de touça e de raiz após o corte dificulta o seu controlo total. Além disso, reproduz-se por via seminal, produzindo muitas sementes que são dispersas por animais, sobretudo por aves.

Esta espécie é frequentemente confundida com algumas espécies nativas, como o folhado (Viburnum tinus), especialmente quando jovem, e o loureiro (Laurus nobilis). No entanto, é importante notar que as folhas do loureiro apresentam um aroma mais intenso, não são onduladas e os frutos são de cor preta.


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Agora é a sua vez.

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