Que espécie é esta: postura de vinagreira

A leitora Mariana Palma quis saber o que será que foi encontrado por familiares a 23 de Agosto na praia do Cabeço, em Castro Marim, e pediu ajuda na identificação. Frederico Almada e Mónica Albuquerque respondem.

“Este animal foi encontrado na Praia do Cabeço (Castro Marim) no dia 23 de Agosto. A foto foi-me enviada por familiares que o descreveram como ‘um único animal’. Não o vi presencialmente, parece-me um anelídeo, mas não consegui associar a nenhuma espécie que ocorra na nossa costa.  Conseguem ajudar?”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de uma postura de lebre-do-mar ou vinagreira (Aplysia sp.).

Espécie identificada por: Frederico Almada, investigador do ISPA-MARE, e confirmação por Mónica Albuquerque, assessora de Biodiversidade Marinha na Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC).

“O que está na foto não me parece ser um animal mas sim uma postura de gastrópode. Possivelmente será de Opistobrânquio, eventualmente de uma Aplysia (Vinagreira ou Bailarina espanhola)”, respondeu Frederico Almada.

Mónica Albuquerque é da mesma opinião. “Diria, praticamente com 100% segurança, que é uma postura de Aplysia.” Os investigadores “Nuno Vasco Rodrigues e ao Roberto Martins acham o mesmo”.

Em Portugal ocorrem quatro espécies do género AplysiaAplysia punctataAplysia fasciata, a maior e a mais comum das quatro, a Aplysia depilans e a Aplysia parvula, segundo Gonçalo Calado, biólogo e professor da Universidade Lusófona.

Este investigador explicou anteriormente à Wilder que as lebres-do-mar “são herbívoras estritas. Alimentam-se de algas e é aí que se costumam encontrar com mais frequência”. 

Nos últimos anos têm sido utilizadas como modelos laboratoriais em estudos na área das neurociências.

No geral, estima-se que existam cerca de 250 espécies de lesmas do mar registadas em Portugal Continental. Na Madeira esse número rondará as 112 e nos Açores, 133, segundo o investigador.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.