Que espécie é esta: ralo ou grilo-toupeira

A leitora Lília Moreira encontrou este insecto em Labercos, Gondomar, a 19 de Outubro e pediu ajuda para saber a espécie. José Manuel Grosso-Silva responde.

“Encontrei este insecto enquanto estava a jardinar. Estava a uns 10cm abaixo da terra, (infelizmente posso tê-lo cortado com a pá), anda para traz. Mede mais ou menos 1,5cm de comprimento. Fez-me lembrar um camarão 😅.  Encontrei-o em Labercos, Gondomar. Nunca tinha visto nenhum igual. Gostava de saber o que é”, escreveu a leitora à Wilder.

Trata-se de um grilo-toupeira ou ralo do género Gryllotalpa.

Espécie identificada e texto por: José Manuel Grosso-Silva, responsável pelas colecções entomológicas do Museu de História Natural e da Ciência (Universidade do Porto).

É um ralo (Gryllotalpa sp.), ou mais corretamente, o tórax e a cabeça de um ralo, pois como a senhora supôs, foi mesmo cortado a meio.

Os ralos são, de uma forma simplificada, grilos que evoluíram de forma convergente com as toupeiras: escavam túneis e deslocam-se nestes graças às patas anteriores altamente modificadas, com uma morfologia externa semelhante das toupeiras.

Tal como a senhora disse, são capazes de andar em marcha-atrás, o que permite que recuem nas suas galerias. Outra adaptação à deslocação em túneis é a modificação das suas patas posteriores, mais curtas do que as dos grilos, que os impulsionam no interior das galerias mas não permitem que saltem.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.