Que espécie é esta: salsaparrilha

O leitor Luís Pimenta fotografou esta planta a 26 de Dezembro de 2020 em Alcácer do Sal e quis saber de que espécie se trata. Carine Azevedo responde.

“No meu passeio com a minha filha por uma estrada agrícola e nas margens de um braço de uma barragem, encontrei esta silva com bagas em cacho. Por segurança não provei. Esmaguei uma. Tinha um cheiro agradável e adocicado. No entanto gostava de saber mais sobre a mesma”, escreveu o leitor à Wilder.

Trata-se da salsaparrilha (Smilax aspera).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A planta das fotografias é a salsaparrilha (Smilax aspera), espécie da família Smilacaceae. 

A salsaparrilha é uma espécie nativa de climas mediterrânicos e em Portugal é comum um pouco por todo o território continental.

É uma planta arbustiva e trepadeira que tem uma elevada facilidade de trepar pela vegetação vizinha, usando para isso os seus espinhos e gavinhas (pequenos ganchos) para se agarrar.

Possui folhas verdes, sem pelos e coriáceas, das mais variadas formas, que podem ocasionalmente possuir manchas brancas à superfície, e espinhos na margem e na página inferior.

As flores são pequenas, perfumadas e pouco vistosas, de cor amarelo-esverdeada, brancas, ou só esverdeadas. Os frutos são bagas globosas, pretos quando maduros, e surgem em cachos. 

A salsaparrilha é reconhecida como planta medicinal, pelas propriedades terapêuticas do seu rizoma, raízes e rebentos jovens.

Em meados do século XX, as substâncias tónicas presentes no rizoma e raízes desta planta, transformaram-na numa bebida refrescante, não alcoólica, chamada xarope de salsaparrilha.

As folhas de salsaparrilha são, no mundo da fantasia e animação, a comida preferida dos Estrumpfes (ou Smurfs). Os pequenos duendes azuis que viviam em casinhas em forma de cogumelo numa aldeia escondida no meio da floresta e que divertiram muitas gerações.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.