A 1 de Agosto esgotamos os recursos naturais da Terra para 2018

Ainda faltam cinco meses para 2018 terminar e os ecossistemas do planeta já esgotaram os recursos naturais que podem fornecer à humanidade, de forma sustentável. O Earth Overshoot Day deste ano chega a 1 de Agosto.

 

A partir de quarta-feira, a humanidade vai viver a “crédito” por ter gasto o “orçamento da natureza” para todo o ano, alertam hoje as organizações ANP – WWF e ZERO.

A data é estimada todos os anos pela Global Footprint Network (GFN). Esta organização internacional sem fins lucrativos, criada em 2003, faz um estudo sobre o consumo mundial de recursos naturais e a capacidade do planeta em renová-los.

Na base das contas está a totalidade de recursos que o planeta é capaz de regenerar num ano e a pegada ecológica global, ou seja, os recursos que o ser humano consome num ano. Dividindo-se a primeira pela segunda e multiplicando-se o valor obtido pelo número de dias do ano, a GFN estima o Earth Overshoot Day.

No ano passado esgotámos os recursos naturais do planeta disponíveis para 2017 a 2 de Agosto. Em 2016, foi a 8 de Agosto. O último ano em que respeitámos o nosso orçamento natural anual foi em 1970.

De acordo com a GFN, seriam precisas 1,7 Terras para sustentar o atual nível estimado de recursos necessários às atividades humanas.

“Estes dados são claros sobre a necessidade de se produzir e consumir de forma muito diferente”, comentou, em comunicado, Ângela Morgado, diretora-executiva da ANP – WWF. “O Overshoot Day indica-nos que estamos a forçar os limites do planeta com uma intensidade cada vez maior, uma tendência que é urgente mudar para bem da Humanidade e da sua qualidade de vida, pois sem este planeta não sobrevivemos.”

Enquanto a biodiversidade global continua a diminuir de forma acentuada e os impactos das alterações climáticas estão a tornar-se definitivos, o Earth Overshoot Day é um aviso para indivíduos, países e comunidade global repensarem as suas acções, para proteger as florestas, oceanos, vida selvagem e recursos de água doce, ajudando a alcançar o desenvolvimento sustentável.

“É comum falar-se da importância de mudar os estilos de vida como um elemento chave para a construção de uma sociedade sustentável. Contudo, a mudança necessária rumo à sustentabilidade não será atingida apenas pela ação individual dos cidadãos. A ação política e das empresas em diferentes sectores é crucial”, acrescentou Francisco Ferreira, da ZERO.

As organizações portuguesas sugerem coisas que podem ser feitas. Uma é apostar na Economia Circular e na maximização da utilização e reutilização de recursos. “O ponto fulcral deverá ser a redução no uso de materiais, a promoção da reutilização e a extensão dos tempos de vida dos bens e equipamentos”, segundo o comunicado. Trata-se de “mudar o paradigma de ‘usar e deitar fora’ – muito assente na reciclagem, incineração e deposição em aterro – para um paradigma de ‘ter menos, mas de melhor qualidade’.”

Estas organizações sugerem ainda uma dieta alimentar saudável e sustentável, a mobilidade sustentável e o reforço do papel do cidadão. “Cada um de nós pode ter um papel muito importante, desde logo através da pressão que podemos colocar em todo o sistema de produção.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba mais em www.overshootday.org e nas redes sociais em #movethedate.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.