Foto: Joana Bourgard

Amanhã a Hora do Planeta será totalmente digital

Unir o maior número de pessoas no apoio à natureza, suporte de vida a milhões por todo o mundo, é o apelo lançado pela Hora do Planeta, que se celebra às às 20h30 de 28 de Março em 180 países. Este ano, o movimento tornou-se totalmente digital.

 

A Hora do Planeta, iniciativa que se realiza desde 2007 como um momento de solidariedade pelo planeta, será este ano inteiramente digital, com vários países a organizar eventos virtuais por causa do Covid-19.

Em Portugal, a Associação Natureza Portugal (ANP – WWF) cancelou o evento presencial que iria organizar em Gaia, convertendo este evento num momento digital, segundo um comunicado enviado ontem à Wilder.

“Portugal participará na Hora do Planeta 2020 de forma completamente digital, convidando os seus embaixadores Mónica e Rubim, Chef Fábio, Miguel Martins (aka EDIS ONE), entre outros, a participar numa hora com partilha de receitas, músicas e receitas ao vivo e experiências sustentáveis, numa transmissão em direto no facebook da associação, feito a partir da segurança das suas casas.”

Paralelamente, a ANP – WWF convida todos os portugueses a partilharem os seus conhecimentos com outros, criando os seus próprios momentos digitais, que a associação se compromete a divulgar no site horadoplaneta.pt e nas suas redes sociais.

O apelo é que dia 28 de Março, às 20h30, as pessoas desliguem ou reduzam as luzes e usem esta hora para envolver as suas comunidades on-line. “Sigam o nosso streaming ou criem os vossos próprios momentos online, mas promovam que todos levantem a sua voz pela natureza na petição global que milhares de pessoas por todo o mundo já assinaram”.

Sempre que seja seguro fazê-lo, a Hora do planeta mantém o seu pedido para que monumentos e edifícios por todo o país apaguem as suas luzes durante uma hora. Em Portugal, à data de hoje, são mais de 100 os municípios aderentes.

Os principais monumentos de Lisboa, como o Santuário do Cristo Rei, a Ponte 25 de Abril, o mosteiro da Serra do Pilar em Vila Nova de Gaia (entre outros), o Aqueduto da Amoreira em Elvas, o Castelo de Bragança, o Mosteiro de Arouca, a Praça da República em Ovar, entre muitos outros, já confirmaram que vão aderir ao apagão simbólico.

“Estamos profundamente tristes com a perda de vidas com o surto de COVID-19 e os nossos pensamentos estão com as famílias que perderam entes queridos ou que estão doentes”, comentou Marco Lambertini, diretor-geral da WWF.

“Nesta hora de crise, temos de nos unir agora mais do que nunca, para salvaguardar o nosso futuro e o futuro do nosso planeta.”

“A natureza é a tábua de salvação para 7,6 bilhões de pessoas. Sustenta as nossas sociedades e economias e é uma das nossas maiores aliadas no combate à crise climática”, salientou Ângela Morgado, diretora-executiva da ANP- WWF.

“Mas actualmente estamos a destruir os sistemas naturais em que confiamos para garantir a nossa saúde e bem-estar mais rápido do que eles se conseguem restabelecer, comprometendo a nossa própria sobrevivência e existência.”

“A Hora do Planeta 2020 oferece uma oportunidade fundamental, para todos nós, de unir milhões de pessoas e levantar a sua voz com vista a garantir um compromisso internacional de parar e reverter a perda da natureza”.

 

Um pouco por todo o mundo

“A Hora do Planeta para mim acontece a cada hora do dia”, disse Greta Thunberg, activista climática e ambiental. “A necessidade de unir e proteger o nosso planeta nunca foi tão grande. Como fomos solicitados a evitar reuniões públicas para retardar a disseminação do Covid-19, recomendo a todos que se unam virtualmente à #HoradoPlaneta para renovar o nosso compromisso com o planeta e usar as nossas vozes para conduzir acções on-line com segurança e responsabilidade”.

Este é um movimento que acontece um pouco por todo o mundo.

A Hora do Planeta 2020 vai convidar todos a assinar e mostrar o seu apoio online no site Voice for The Planet. Estas assinaturas serão mais tarde apresentadas aos líderes mundiais em fóruns globais como a Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objectivo de assegurar um Novo Acordo para a Natureza e para as Pessoas que lide com a perda de natureza, reverta o declínio ambiental e salvaguarde o futuro de todos.

A África do Sul irá lançar a campanha digital “Poder para o Povo” dando foco a fontes de energia limpas e confiáveis.

Em Singapura haverá um concerto ao vivo pelo Ambiente, reunindo diversas vozes, com transmissão ao vivo, apenas digital.

O Nepal terá jovens de todo o país a elevar a sua #VozPeloPlaneta e compartilhar pensamentos, arte e fotografia sobre a necessidade de proteger e apreciar a natureza.

A Austrália estará on-line através de uma transmissão ao vivo do #EarthHourLive com artistas, comediantes e especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.