Arméria-do-sado (Armeria rouyana). Foto: Sergio Chozas

Arméria-do-sado eleita a Planta do Ano 2023 em Portugal

A vencedora da votação, organizada em Março pela Sociedade Portuguesa de Botânica, vai ser embaixadora da flora ameaçada das areias do Sado.

Os resultados não deixam margem para dúvidas. A arméria-do-sado (Armeria rouyana) arrecadou 363 dos 763 votos na eleição online para Planta do Ano 2023, praticamente metade (48%) do total, anunciou a Sociedade Portuguesa de Botânica (SPBotânica).

A edição deste ano, que decorreu entre 3 e 23 de Março, foi dedicada à flora ameaçada pelos empreendimentos de agricultura intensiva e mudanças na gestão florestal que têm vindo a tomar conta da zona da Comporta, ameaçando várias plantas únicas da região, de Portugal e da Península Ibérica. Além da espécie vencedora, participaram nesta eleição o piorro (Juniperus navicularias) e em terceiro o marcetão-das-areias (Santolina impressa), que tiveram respectivamente 30% e 22% dos votos. 

“Os impactos dos empreendimentos turísticos na região da Comporta são minimamente conhecidos publicamente”, tinha afirmado já a SPBotânica aquando do lançamento da votação, no início de Março, explicando que a mesma quis “dar visibilidade aos impactos gerados pelos campos de horticultura e fruticultura (abacates, tangerinas, e outros) que assolam os seus pinhais litorais”. Não só os que já estão construídos, mas também aqueles ainda no papel.

Mas não só. “Também na área de silvicultura, a alteração das práticas de gestão florestal dos pinhais de pinheiro-bravo, no rescaldo da chegada do nemátodo-da-madeira-do-pinheiro (Bursaphelenchus xylophilus) comprometem a conservação das espécies RELAPE (Raras, Endémicas, Localizadas, Ameaçadas ou em Perigo de Extinção) no seu subcoberto e a integridade paisagística de um Sítio de Importância Comunitária.”

“A vencedora [arméria-do-sado] esclareceu de imediato que ‘governará em prol de todos, quer sejam “armeriófilos”, “piornófilos” ou “marcetófilos'”, assegurou agora a associação portuguesa, acrescentando que “ao longo deste ano de 2023 a Armeria rouyana será então embaixadora da flora das areias do Sado, alertando para as ameaças, de agricultura e alterações de gestão florestal, à conservação de habitats e espécies que aí ocorrem”.

arméria-do-sado (Armeria rouyana), tal como o marcetão-das-areias (Santolina impressa), é endémica de Portugal continental, único local do mundo onde ocorre, e tem uma presença importante na área da Comporta, incluindo na Duna de Montalvo.

Quanto à origem dos votos, vieram de norte a sul de Portugal continental e ilhas, incluindo alunos de várias escolas e votantes no estrangeiro, num total de 18 países, esclareceu ainda a SPBotânica. Na competição de 2022, dedicada às plantas dos olivais alentejanos, a vencedora foi a linária-dos-olivais.

Inês Sequeira

A minha descoberta do mundo começou nas páginas dos livros. Desde que aprendi a ler, devorava tudo o que eram livros e enciclopédias em casa. Mais tarde, nos jornais, as minhas notícias preferidas eram as que explicavam e enquadravam acontecimentos que de outra forma seriam compreendidos apenas pelos especialistas. E foi com essa ânsia de aprender e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista. Comecei em 1998 na área de Economia do PÚBLICO, onde estive 14 anos a escrever sobre transportes, aviação, energia, entre outros temas. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da agência Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água” e trabalho para um mundo melhor. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.