Captadas as primeiras fotos conhecidas de magnífica ave de poupa amarela

Uma equipa de investigadores anunciou ter conseguido fotografar, pela primeira vez, o magnífico atacador-de-poupa-amarela, ave que já não era vista há 20 anos, na República Democrática do Congo.

O atacador-de-poupa-amarela (Prionops alberti) estava listada como “ave perdida” pela American Bird Conservancy porque já não era observada há 20 anos.

A primeira fotografia conhecida de um atacador-de-poupa-amarela, captada durante a expedição. Foto: Matt Brady/The University of Texas at El Paso

Os cientistas da Universidade do Texas em El Paso, nos Estados Unidos, fizeram a descoberta durante uma expedição de seis semanas no Maciço de Itombwe, uma cadeia montanhosa no leste da República Democrática do Congo. A expedição aconteceu de Dezembro de 2023 a Janeiro de 2024.

As fotos do atacador-de-poupa-amarela foram analisadas e confirmadas por Cameron Rutt, que gere o projecto Lost Birds na organização American Bird Conservancy.

“Foi uma experiência alucinante dar de caras com estas aves”, comentou, em comunicado Michael Harvey, ornitólogo e professor assistente naquela universidade. “Sabíamos que era possível estarem lá mas não estava preparado para o quão espectaculares e únicas são estas aves.”

A expedição contou ainda com investigadores congoleses do Centre de Recherche en Sciences Naturelles.

A equipa caminhou mais de 120 quilómetros pelo Maciço de Itombwe estudando aves, anfíbios e répteis.

Quando estavam a explorar as florestas nebulosas nas encostas de uma montanha, Harvey e os colegas depararam-se com um grupo de atacadores-de-poupa-amarela, espécie da família Vangidae descrita para a Ciência em 1933. A equipa disse que pareciam um grupo “barulhento e activo na floresta”.

No total, a expedição encontrou 18 aves em três locais.

“Isto dá-nos esperança de que talvez esta espécie tenha ainda populações saudáveis nas florestas remotas da região”, comentou Harvey. “Mas a exploração mineira e o abate de árvores para a agricultura estão a abrir estradas dentro das florestas de Itombwe. Estamos em contacto com outros investigadores e organizações de conservação para aumentarmos os esforços para proteger as florestas da região e os atacadores-de-poupa-amarela.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.