águia-imperial-ibérica em voo
Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Castela-La Mancha anuncia para breve novo Plano de Recuperação da Águia-imperial-ibérica

A directora-geral do Meio Natural e da Biodiversidade de Castela-La Mancha, Susana Jara, revelou no final de Setembro que em breve será apresentado o novo Plano de Recuperação da Águia-Imperial-Ibérica, “que se adaptará à nova e positiva situação da conservação desta espécie Em Perigo de extinção na região”. Dos 30 casais em 1992, a águia-imperial-ibérica tem hoje 400 em Castela-la Mancha.

A revelação foi feita a 26 de Setembro, aquando da libertação em Oropesa de duas águias-imperiais-ibéricas (Aquila adalberti) recuperadas no Centro de Estudos de Rapaces Ibéricas (CERI), em Sevilleja de la Jara.

A águia-imperial é um endemismo da Península Ibérica e, por isso, apenas nidifica em Portugal e Espanha. 

Susana Jara salientou que a população da espécie em Castela-La Mancha passou de 30 casais em 1992 “para quase 400 na actualidade, o que significa que a nossa região alberga já cerca de 50% desta espécie a nível mundial”.

Foto: Junta de Castela-La Mancha

Estes dados foram recolhidos pelo Grupo de Trabalho da Águia-Imperial-Ibérica, que reúne o Ministério espanhol para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico, representantes de administrações ambientais de Espanha e Portugal e que conta com a assessoria de peritos e entidades especializadas.

Neste sentido, “consideramos que é indispensável poder contar com um novo Plano de Recuperação da Águia-Imperial-Ibérica que se adapta a esta nova situação, marcando como objectivo um período estimado de 10 anos para ultrapassar o estatuto de Em Perigo de extinção”, acrescentou Susana Jara.

Uma das prioridades, adiantou, é garantir a conservação do habitat desta espécie tanto nos territórios já ocupados como nas zonas potenciais de colonização. Actualmente, Toledo é uma província chave para esta espécie, com 212 territórios contabilizados.

Outra peça deste puzzle é a redução da electrocussão das aves nas redes eléctricas, questão para a qual o actual executivo já mobilizou cerca de 12 milhões de euros; o objectivo é conseguir adaptar mais de 400 quilómetros de linhas eléctricas.

Em Portugal, a águia-imperial-ibérica é classificada como Criticamente em Perigo segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Segundo o projecto LIFE Imperial (2014-2020), a população nidificante portuguesa aumentou de 11 (2013) para 24 casais (2020).

Actualmente está em vigor o Plano de Ação para a Conservação da águia-imperial-ibérica em Portugal 2021- 2030.

Hoje estima-se que existam 841 casais reprodutores na Península Ibérica. Em Março deste ano, o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) revelou que “na monitorização da águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) realizada em Portugal foram observados 21 casais reprodutores e 20 crias voadoras, registando-se um aumento de cerca de 60% da população da espécie nos últimos anos”. 
 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.