Censo revela que número de focas no Tâmisa está a aumentar

Depois de ter sido declarado biologicamente morto nos anos 1950, o rio Tâmisa alberga hoje mais de 3.500 focas. Em 2018 nasceram 138 crias, revelou ontem a Sociedade Zoológica de Londres.

Os cientistas contaram um total de 138 crias, depois da análise de centenas de fotografias captadas durante o Verão. Os resultados desta análise foram divulgados ontem pela primeira vez e fazem parte da monitorização das focas no Reino Unido.

Focas no Tâmisa. Foto: ZSL

A equipa da Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, sigla em inglês) tirou fotografias aéreas quando as focas descansavam, tranquilas nos bancos de areia do rio Tâmisa. “É muito mais fácil, e muito mais rigoroso, contar as focas a partir de fotografias do que em constante movimento, sendo que são criaturas que gostam de brincar”, explica a Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, sigla em inglês).

No rio Tâmisa ocorrem a foca-comum (Phoca vitulina) e a foca-cinzenta (Halichoerus grypus), mas apenas as primeiras se reproduzem lá.

“Ficámos entusiasmados ao contarmos 138 crias nascidas numa única época”, comentou em comunicado Thea Cox, bióloga conservacionista. “As focas não poderiam reproduzir-se sem terem fontes de alimento garantidas, por isso, isto demonstra que o ecossistema do rio Tâmisa está bem de saúde e o quanto evoluímos desde que o rio foi declarado biologicamente morto na década de 1950”, acrescentou.

Hoje, este rio é um habitat de maternidade essencial e a casa para muitos animais, incluindo mais de 100 espécies de peixes, o cavalo-marinho Hippocampus hippocampus, e a Criticamente Em Perigo enguia-europeia (Anguilla anguilla).

“É incrível como as crias de foca-comum podem nadar apenas horas depois de terem nascido”, disse Anna Cucknell, gestora de projecto da ZSL responsável pela conservação do rio Tâmisa. “Isto quer dizer que elas estão bem adaptadas a crescer em estuários como o do Tâmisa. Quando a maré enche, elas já conseguem nadar. As focas-cinzentas demoram mais tempo a sentir-se confortáveis na água, por isso reproduzem-se noutros locais e vão mais tarde ao Tâmisa alimentar-se”, explicou.

A ZSL faz monitorização da população de focas no Tâmisa todos os anos desde 2013. Os resultados mais recentes, de 2017, registaram 1.104 focas-comuns e 2.406 focas-cinzenas naquele estuário.

Estes números revelam que o número de focas no Tâmisa está a aumentar mas ainda não se sabe se este aumento se deve à reprodução das focas residentes ou à migração de adultos de outras regiões. Por isso em 2018, pela primeira vez, a equipa da ZSL realizou um censo às colónias reprodutoras. “O objectivo é que os dois censos se complementem e permitam aos nossos investigadores compreender melhor as focas no Tâmisa e as razões por detrás das alterações nos seus números”, comenta a ZSL. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.