folhas de outono espalhadas na terra
Foto: Joana Bourgard/Wilder

Cidadãos lançam petição europeia para pedir protecção do solo

A perda de solo fértil na Europa levou 350 organizações de 25 países a unirem-se e a lançar uma petição de um milhão de assinaturas para obrigar a Comissão Europeia a agir. Hoje, Dia Mundial do Solo, falámos com a coordenadora portuguesa da campanha de cidadania People4soil.

 

Portugal é um dos 25 países que querem obrigar a Comissão Europeia a preparar uma Directiva para os solos. Através da petição, que permitirá fazer um pedido formal a Bruxelas de legislar nesta matéria, as organizações da sociedade civil querem uma legislação para a prevenção e conservação do solo, para a identificação dos locais contaminados e para promover a sua recuperação.

“Precisamos reunir até Setembro de 2017 um milhão de assinaturas, sendo que Portugal ficou encarregado de conseguir cerca de 16.000”, disse hoje à Wilder Isabel Linhares, coordenadora para Portugal da campanha People4soil.

Já chegou a estar em cima da mesa em Bruxelas um esboço de directiva para os solos mas foi retirado de discussão em 2014, por falta de consenso entre os países. “Se conseguirmos reunir as assinaturas necessárias, esperamos que desta vez seja diferente”, acrescentou Isabel Linhares.

“É verdade que o solo é uma questão a que não se dá muito realce, mas é muito importante para o bem-estar do planeta. E nem sempre nos lembramos que este é um recurso finito e não renovável, e do qual depende a produção de alimentos saudáveis.”

A People4soil lembra que o solo precisa de protecção contra a erosão, a compactação, a perda de matéria orgânica, a perda de biodiversidade e a poluição. Segundo a campanha, são precisos 500 anos para gerar cinco centímetros de solo fértil e apenas uma hora para destruir 11 hectares. Estima-se que todos os anos desapareçam na Europa mil quilómetros quadrados de solo (o equivalente a uma cidade como Berlim) por causa da expansão das cidades e da construção de infra-estruturas.

Isabel Linhares destacou o problema dos incêndios em Portugal. “As área ardidas têm uma grande erosão. Ficam sem coberto vegetal e precisam ser recuperadas a curto prazo para não agravar o problema”.

Portugal não está sozinho; vários países europeus manifestaram também a sua preocupação, como a Itália, Alemanha, França, Reino Unido e Espanha, por exemplo. A Iniciativa de Cidadania Europeia People4soil foi lançada em Setembro deste ano e até agora reuniu 25.000 assinaturas. “Ainda há muito a fazer até Setembro de 2017. Até lá vamos desenvolver várias iniciativas no âmbito da campanha para sensibilizar as pessoas”.

Segundo Isabel Linhares, cada cidadão pode ajudar assinando e divulgando a petição e tendo comportamentos que ajudem os solos, desde a reciclagem de resíduos à opção por usar menos pesticidas.

Em Portugal, a campanha é coordenada pela Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza e conta com a participação da AGROBIO – Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, a COPADONORDESTE – Cooperativa de produtores agrícolas, Sociedade LEIRAS DO CARVALHAL, LPN – Liga para a Protecção da Natureza, OIKOS – cooperação e desenvolvimento, SPCS – Sociedade Portuguesa de Ciência do Solo e ASSOCIAÇÃO TRANSCUDANIA – Associação para a Valorização do Património Histórico e Natural do Concelho do Sabugal.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Pode assinar a petição aqui.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Fique a par aqui do que a Comissão Europeia está a fazer pelos solos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.