Estes são os fotógrafos de natureza de 2017 em Portugal

Lobos, ginetas, gaios e rouxinóis estão entre as fotografias vencedoras da segunda edição do concurso GENERG – Fotógrafo de Natureza do Ano, anunciadas a 27 de Janeiro, na abertura do Cinclus – Festival de Imagem de Natureza, em Vouzela.

 

Durante meses, a câmara com sensores de movimento esteve no meio do mato, apoiada em estacas, perto do trilho que os lobos-ibéricos costumam usar. À espera, como tantas outras que Gonçalo Rosa tem distribuído, criteriosamente, nos últimos anos pelos montes e vales de Portugal. No Verão de 2014, uma delas captou na serra de Montesinho dois ratos-das-neves (Chionomys nivalis), espécie para a qual ainda não haviam registos em Portugal.

Agora, em Trás-os-Montes, este fotógrafo de natureza conseguiu mais uma fotografia marcante, a que chamou Lobos curiosos.

 

 

“Com esta câmara fiz outras fotografias. Umas tinham três ou quatro lobos mas os animais ou estavam de costas ou de cabeça cortada”, disse hoje à Wilder. Esta foi a sua escolhida. Agora, a sua imagem foi novamente escolhida, desta vez pelos três membros do júri do GENERG – Fotógrafo de Natureza do Ano, Luís Quinta, Francisco Calado e Jacinto Policarpo.

A imagem vencedora de 2017 captou o momento em que dois jovens lobos-ibéricos (Canis lupus signatus) olham para a câmara. “Parecem curiosos, mas com algum receio”, perante aquele objecto estranho no seu território de matos e pedras.

Esta não foi uma imagem fácil. “Os lobos são particularmente difíceis de fotografar, são elusivos e tímidos, por causa da perseguição” humana. Segundo Gonçalo Rosa, “é preciso saber ler o terreno, prever o movimento dos lobos e encontrar um sítio seguro para pôr a câmara. A sorte dá mesmo muito trabalho.”

E mesmo assim, nem tudo está garantido. “As câmaras estão meses seguidos no campo e têm de estar sempre prontas a disparar, não podem ter problemas de autonomia, por exemplo.” O que é certo é que nem todos os meses este fotógrafo de natureza consegue boas fotos de qualquer espécie, “quanto mais de lobo”.

Os prémios de fotografia distinguiram outra imagem captada por Gonçalo Rosa. Geneta com leirão mereceu uma menção honrosa na categoria Fauna. Esta imagem foi captada perto da casa do fotógrafo, na Margem Sul do rio Tejo.

 

 

João Cosme, um dos promotores do Festival Cinclus, explicou anteriormente à Wilder que o objectivo do concurso é “promover e divulgar a fotografia de natureza e o património natural, distinguindo as melhores imagens”. Para Gonçalo Rosa, a fotografia de natureza ajuda “a melhorar o conhecimento sobre as espécies que existem em Portugal e a conservá-las”.

O grande vencedor recebe um prémio de 2.000 euros e o primeiro prémio para cada uma das categorias será de 500 euros.

Aqui ficam os primeiros vencedores de cada uma das categorias deste concurso.

 

Paisagem: Lagoa do Capitão, Pico (Luis Afonso)

 

 

Flora e Fungos: Simbiose de cores (João Petronilho)

 

 

Fauna: Lobos curiosos (Gonçalo Rosa)

 

 

Aves: Gaio no Parque Nacional Peneda Gerês (Carlos Alberto Pontes)

 

 

Parque Natural local Vouga-Caramulo (área protegida no concelho de Vouzela): Cursos de água no bosque (Nuno Miguel Sousa Henriques)

 

 

Parque Eólico do Caramulo (nos concelhos de Vouzela e Tondela): Vista entre rochas (Nuno Miguel Sousa Henriques)

 

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça aqui as fotografias vencedoras da 1ª edição destes prémios.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.