Peixes de Pedro Salgado vencem prémio internacional de ilustração científica

O ilustrador naturalista português Pedro Salgado é o grande vencedor da 5ª edição da Illustraciencia – Prémio Internacional de Ilustração Científica, com a ilustração de quatro espécies de peixes do Mediterrânico: mero, serrano-de-rolo, serrano-riscado e serrano-alecrim, foi hoje revelado.

 

Esta edição do concurso, organizado pela Associação Catalã de Comunicação Científica, recebeu 449 ilustrações vindas de 45 países. Catorze portugueses participaram no concurso.

A obra vencedora do prémio, no valor de 600 euros e escolhida por um júri – composto por 13 elementos das áreas da comunicação de ciência e ilustração científica -, é o grupo Garoupas do Mediterrâneo, de Pedro Salgado, ilustrador científico especialista em peixes marinhos.

 

 

 

Na composição, o ilustrador representou quatro espécies de garoupas (Serranidae): o mero (Epinephelus marginatus), o serrano-de-rolo (Serranus atricauda), o serrano-riscado (Serranus scriba) e o serrano-alecrim (Serranus cabrilla).

Estes animais pertencem a uma família de peixes marinhos que habita em águas tropicais, subtropicais e temperadas. São peixes sedentários e solitários que vivem junto ao fundo do mar (bentónicos) e que têm padrões de pigmentação muito vivos, complexos e diferentes.

Pedro Salgado explicou à Wilder que as ilustrações foram feitas a lápis de cor sobre poliéster, em tamanho A4 ou A3. “Esta é uma técnica relativamente rápida e muito controlada, que permite incluir muito detalhe na ilustração. O que é uma mais valia quando estamos a trabalhar em modelos com uma enorme complexidade de padrões de tons”, acrescentou. Em média, a arte final para cada peixe demorou cinco a seis dias. Mas o que demorou mais foi a preparação para o desenho. “Antes de começar a fazer as artes finais tenho de ter o peixe muito bem compreendido, com todas as informações e esboços certos.”

Esta foi a segunda vez que Pedro Salgado foi distinguido no âmbito deste Prémio. Na primeira edição, em 2012, recebeu o segundo prémio com o seu peixe-galo (Zeus faber).

A 5ª edição do Prémio atribuiu ainda menções honrosas às obras Pico de la urraca, la herramienta más versátil de Ángel Ramón Moya Muñoz (Espanha), Salvator merianae de Vanesa Gaido (Argentina) e Rhynchophorus ferrugineus de Juanjo Ramos (Espanha).

 

 

 

 

A ilustração vencedora do prémio do público, no valor de 200 euros, foi Alzando el vuelo de Camilo Maldonado (Chile), que recebeu 397 votos de um total de mais de 2.000 votos.

 

 

A Illustraciencia começou como um projecto para aproximar a Ciência à sociedade através da ilustração. A ideia evoluiu para um prémio internacional que quer dar visibilidade ao trabalho dos ilustradores, independentemente do seu país de origem. Os critérios do júri são o rigor científico, clareza, originalidade e capacidade de divulgação.

Esta iniciativa “transformou-se numa plataforma internacional para divulgar os profissionais da ilustração científica e de natureza que aproximam a ciência e a natureza à sociedade”, disse Miquel Baidal, coordenador do Prémio. “O nosso objectivo é continuar a transmitir a importância da ilustração científica e premiar os profissionais que se dedicam a esta disciplina.”

Das 449 obras a concurso, o júri selecionou as 40 melhores. Estas irão constar de um catálogo e de uma exposição itinerante, a partir de Setembro.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça o atelier de Pedro Salgado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.