Ida à maré de participantes no projecto. Foto: bLueTIDE

Projecto bLueTIDE levou os oceanos às salas de aula e trouxe escolas à praia

Agora concluído, este projecto de educação e comunicação de ciência do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente teve a duração de dois anos, ao longo dos quais chegou a 1500 pessoas, anunciou a equipa.

O objectivo principal do bLueTIDE (“maré azul”, traduzido para português”) foi  juntar escolas ligadas ao mar com outras mais distantes, contagiando alunos e professores sobre a importância de proteger a vida na zona entremarés rochosa. Em causa está a zona que fica a descoberto na maré baixa e submersa no resto do tempo, onde há partes de rocha em muitas praias.

Assim, a equipa do MARE ligada a este projecto trabalhou com uma selecção de escolas localizadas no Litoral, que contavam com o galardão Escola Azul, e também com escolas sem galardão, que ficavam muito mais longe do mar. Os alunos da Escola Básica EB1 Cruz da Picada, em Évora, por exemplo, demoravam mais de uma hora para chegarem perto do oceano.

Antes de tudo, a falta de conhecimento sobre a zona entremarés rochosa é transversal a todo o país, incluindo entre quem vive junto à costa. Por isso, “o caminho evidente era o de transmitir o que a ciência conhece sobre estes habitats e motivar para uma mudança de comportamentos que promovam a sua conservação”, explicou há cerca de um ano Zara Teixeira, coordenadora do projecto, num artigo sobre o bLueTIDE.

E agora que chegou ao final, “o programa superou as expectativas”, afirmam os responsáveis da equipa, num balanço agora divulgado. Envolvidas estiveram 1500 pessoas, incluindo mais de 500 jovens alunos ligados a 12 escolas do primeiro ciclo, metade com morada no Litoral e perto da praia, e outra metade bem mais distantes, no Interior. Assim, foram formados quatro núcleos distintos: Figueira da Foz/Sardoal, Peniche/Vila Nova da Barquinha, Setúbal/Benavente e Sines/Évora.

No total, feitas as contas, o bLueTIDE envolveu 27 turmas e organizou também acções de formação com 140 professores, acrescenta também a equipa do projecto, numa nota de imprensa enviada à Wilder.

Para os próximos meses, a equipa promete lançar ainda “duas ferramentas úteis que poderão continuar a acompanhar todos os que participaram nas nossas ações, a par de tantos outros que se possam interessar pela causa”, acrescenta Zara Teixeira, que é também investigadora do MARE. Em causa estão um manual de formação para professores e um livro de curiosidades para todos os interessados. “Muito em breve, vão estar ambos disponíveis online e poderão ser descarregados e usados livremente por todos os que procuram ensinar ou ficar a saber mais sobre estes temas.”

Neste programa, que foi financiado pelas EEA Grants, trabalharam 26 investigadores membros da equipa, ligados a quatro núcleos do MARE, incluindo a Universidade de Coimbra, o Politécnico de Leiria, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e a Universidade de Évora.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.