SPEA pede calma e ponderação na instalação de energias renováveis no mar

Parque de turbinas eólicas no Mar do Norte. Foto: Capmat007/Wiki Commons

A poucos dias do início da Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alerta esta quinta-feira para “os perigos de uma implementação precipitada” de turbinas eólicas e outros equipamentos em meio marinho.

Desde logo, a SPEA sublinha que tem uma “posição desfavorável” no que respeita à instalação de torres eólicas e de outros equipamentos ligados às energias renováveis dentro de Áreas Marinhas Protegidas.

“A geração e distribuição de energia proveniente de fontes renováveis, é vista como um caminho viável para o combate às alterações climáticas, mas pode ter consequências prejudiciais para a biodiversidade se for localizada em áreas importantes para a vida selvagem”, afirma esta organização não governamental de ambiente, numa nota de imprensa enviada à Wilder.

A SPEA lembra que as metas para os próximos oito anos, a nível europeu, apontam para a redução de 42% na emissão de gases com efeito de estufa e também para um aumento de 32% na quota de energia renovável face ao consumo final de energia. “É de prever que a expansão das renováveis se dirija cada vez mais para o ambiente marinho, através da instalação de infraestruturas de rede no mar para transportar a energia produzida para terra.”

A questão é que é preciso dar atenção também ao mundo natural e às ameaças que neste momento enfrenta, afirma Joana Andrade, coordenadora do Departamento de Conservação Marinha da SPEA: “A transição energética e o combate às alterações climáticas são urgentes, mas é fundamental que essa urgência não leve a maiores danos ambientais, pois, a par da crise climática, enfrentamos uma crise da biodiversidade.”

Em primeiro lugar, há que ter atenção aos locais escolhidos para a exploração de energia no alto mar, tal como apostar na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias que diminuam os impactos sobre o mundo natural.

Por outro lado, a associação portuguesa sugere ainda a cooperação entre os responsáveis de projectos de energia renovável no mar, autoridades portuguesas, investigadores e organizações não governamentais de ambiente, “em processos concertados que prevejam avaliações sobre a sensibilidade e impactos ambientais, ordenamento do espaço marítimo, a pesquisa e a monitorização de forma independente, rigorosa e contínua”.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.