Treze cágados-mediterrânicos devolvidos à natureza no Algarve

Estes animais, que são uma das duas únicas espécies de cágados autóctones de Portugal, estiveram várias semanas em recuperação no Porto d’Abrigo do Zoomarine, centro de reabilitação de espécimes aquáticos na Guia, em Albufeira.

 

No grupo de cágados devolvidos hoje, dia 19 de Julho, ao meio selvagem, há histórias de sobrevivência diferentes. Uns estiveram no centro algumas semanas; outros precisaram “mesmo de muitas semanas”, segundo um comunicado do Zoomarine enviado à Wilder.

Os 13 cágados pertencem à espécie Mauremys leprosa e todos receberam nomes: Ori, Oran, Olaf, Pinypon, Pokemon, Pikachu, Pocahontas, Pinóquio, Opala, Oxigénio, Orestes, Pérola e Pallu. E são muito diferentes. “Há cágados com sete gramas e que quase podem ser levados pelo vento, e outros que, com 1500 gramas, já quase exigem duas mãos para os agarrar”, acrescenta o Zoomarine, cujo centro de reabilitação de animais funciona desde 2002.

Os animais são devolvidos esta manhã na Barragem de Odelouca, o local escolhido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

“As causas destes resgates e os processos de reabilitação são, frequentemente, muito distintas. Mas o fio condutor que os une é claro e simples: a merecida oportunidade para uma segunda vida no meio selvagem, onde esta espécie tem vindo a enfrentar, nas últimas décadas, imensas e crescentes ameaças à sua sobrevivência.”

O cágado-mediterrânico, ao contrário do que acontece com o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis), não está ameaçado mas a perda de habitat é um problema que poderá levar a um declínio populacional.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Descubra mais aqui sobre estes animais e sobre o que se está a fazer para os conservar no Paul da Tornada, um dos poucos locais do país onde podemos encontrar as duas espécies.

E pode ficar a saber mais sobre estes animais aqui, no artigo “Seis coisas a saber sobre cágados”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.