Litoral de Salir do Porto, um dos sítios geológicos do novo Geoparque Oeste. Foto: Vitor Oliveira/Wiki Commons

UNESCO dá luz verde à criação do novo Geoparque Oeste, em Portugal

A entrada na rede de geoparques mundiais foi anunciada esta quarta-feira e engloba uma área total de 1154 quilómetros quadrados espalhada por seis municípios, que alberga “uma herança paleontológica excecionalmente rica”.

O Geoparque Oeste estende-se por mais de 72 quilómetros de linha costeira, com mais de 15 quilómetros de praias de areia, descreve uma nota de imprensa da UNESCO, que aprovou esta e outras 17 candidaturas em 11 países diferentes, incluindo Portugal, Espanha, Brasil, China e Croácia.

O território do novo geoparque português, que começou a ser desenhado em 2017, ocupa uma área total de 1154 quilómetros quadrados espalhada por seis concelhos: Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Peniche e Torres Vedras.

“A linha costeira expõe camadas geológicas que datam do Período Triássico tardio, há cerca de 230 milhões de anos, e que se estendem para a Era do Holoceno (há cerca de 11.700 anos), uma altura em que se assistiu à abertura do Oceano Atlântico Norte”, detalha a organização ligada às Nações Unidas, dedicada à cooperação multilateral no que respeita à educação, ciência, cultura, comunicação e informação.

A UNESCO destaca ainda o “papel crucial” desta área costeira para o sustento das populações locais, através da pesca, e salienta que este geoparque “tem uma herança paleontológica excecionalmente rica, com mais de 180 sítios com fósseis, incluindo vestígios de 12 espécies distintas de dinossauros”. Além do mais, é neste território que se encontram “dois sítios de ninhos de dinossauro com embriões fossilizados, dos quais existem apenas 12 em todo o mundo”.

Este novo geoparque português junta-se assim a uma lista que passa para um total de 213 geoparques mundiais UNESCO, designação que foi criada em 2015 para reconhecer locais que conservam uma herança geológica de importância internacional. O objetivo é que todos estes territórios sejam “geridos com uma conceção holística de proteção, educação e desenvolvimento sustentável”, indica a organização.

Em Portugal, além do Geoparque Oeste, existem hoje outros cinco locais com esta classificação: Naturtejo, Arouca, Açores, Terras de Cavaleiros e Estrela. O primeiro geoparque português a integrar a rede da UNESCO foi a Naturtejo, em 2006, seguindo-se Arouca em 2009, Açores em 2013, Terras de Cavaleiros em 2014 e Estrela em 2020.

Dos 18 novos sítios geológicos agora mundialmente reconhecidos, fazem também parte Uberaba, no Sudeste do Brasil, os Lagos Biokovo-Imotski, na região croata da Dalmácia, e os Vulcões Calatrava, em Espanha, entre muitos outros. “Os geoparques mundiais da UNESCO recebem esta designação por um período de quatro anos, após os quais o funcionamento e a qualidade de cada um são reexaminados aprofundadamente, durante um processo de revalidação”, informa também a nota de imprensa.


Saiba mais.

Descubra aqui a história e os locais de interesse no novo Geoparque Oeste. E fique a conhecer melhor a Rede de Geoparques Mundiais da UNESCO.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.