Censo de cagarra nas Berlengas contou 655 ninhos

De 4 a 11 de Junho foram contados 655 ninhos de cagarra na ilha da Berlenga e em seis ilhéus, num censo realizado à população nidificante desta ave marinha no âmbito do projecto LIFE Berlengas (2014-2018).

 

Dois técnicos da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), três estagiários e um voluntário percorreram a ilha da Berlenga e os ilhéus Cerro da Velha, Estela Grande, Farilhão Grande, Farilhão da Cova, Farilhão do Nordeste e Rabo d’asno.

As maiores colónias foram encontradas no Farilhão Grande e na ilha da Berlenga, com 324 e 234 ninhos, respetivamente, segundo um comunicado da Spea. No entanto, a associação acredita que algumas zonas onde se encontram as principais colónia não foram prospetadas. “Alguns dos ilhéus não foram visitados devido à impossibilidade de desembarque”, acrescenta.

A equipa do LIFE Berlengas aproveitou a viagem e fez também a monitorização da população de rato-preto, monitorização de galheta (neste momento praticamente todos os juvenis já deixaram o ninho) e a recolha de semente de arméria das berlengas e de angélica.

O último censo completo da população reprodutora de cagarra (Calonectris diomedea) do arquipélago das Berlengas foi realizado há quatro anos. Em 2005, a população nidificante foi estimada em 700-800 casais, segundo o livro “Aves de Portugal”.

A cagarra está classificada como Vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, por causa da sua população reduzida e por estar concentrada numa única localização (ilhas Berlengas), com uma área de ocupação muito restrita.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.