Dois anos de prisão para homem que envenenou animais selvagens em Espanha

Um criador de gado da Cantábria foi considerado culpado no maior caso de envenenamento de fauna selvagem daquela região e condenado a dois anos de prisão e ao pagamento de mais de 90.000 euros.

 

O caso remonta a Dezembro de 2011 quando técnicos auxiliares do Ambiente e a Guarda Civil espanhola encontraram animais de várias espécies mortos nos campos de Las Quintanillas, no município de Valdeolea, na Cantábria. Segundo um comunicado da Sociedade de Ornitologia Espanhola (SEO) publicado hoje, entre eles estavam onze milhafres-reais (Milvus milvus), espécie Em Risco de Extinção em Espanha, uma águia-de-asa-redonda, quatro grifos e seis raposas.

Análises toxicológicas constataram que os cadáveres continham um insecticida altamente tóxico.

Investigações posteriores determinaram a possível autoria de um criador de gado da zona que teria utilizado o veneno para proteger os bezerros e potros de eventuais ataques de animais.

De acordo com a SEO, que considera esta uma “sentença exemplar”, o homem fica ainda quatro anos sem poder caçar e dois anos sem poder exercer a sua profissão por ter sido o autor de um crime continuado contra a fauna pelo uso de iscos envenenados e pela morte de espécies ameaçadas. Fica também obrigado a pagar, como compensação ao desequilíbrio causado à população de milhafre-real, os custos do seguimento das populações invernantes e na época de reprodução na Cantábria durante os próximos três anos. O custo do seguimento é de 9.500 euros por ano.

O veneno usado nos campos também é um problema em Portugal. De 1992 a 2014 morreram envenenados 233 indivíduos de espécies protegidas em Portugal, segundo dados do Programa Antídoto, plataforma que reúne 29 entidades para combater o uso ilegal de venenos. No topo desta lista surgem 77 grifos, 29 lobos e 21 milhafres-reais. Mas também morreram ginetas, abutres-pretos, britangos, águias-reais, águias-d’asa-redonda e cegonhas-brancas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.