Coruja-das-torres (Tyto alba). Foto: Steven Ward/Wiki Commons

Cidadãos-cientistas revelaram 597 locais onde há corujas-das-torres em Portugal

Os dados do relatório preliminar do censo nacional da espécie foram revelados esta segunda-feira. Ainda vai a tempo de participar, até ao final de Junho.

Este é o primeiro censo nacional de coruja-das-torres, uma das sete aves de rapina noturnas que existem em território português, onde está presente tanto em áreas agrícolas como em florestas pouco densas e zonas urbanas. Através desta iniciativa, lançada em Fevereiro, foram até agora revelados 584 locais onde a espécie está presente em Portugal continental e outros 13 pontos na ilha da Madeira.

Os resultados preliminares foram anunciados esta segunda-feira num comunicado da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que coordena este censo através do Grupo de Trabalho em Aves Noturnas (GTAN), em parceria com o Laboratório de Ornitologia do MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, ligado à Universidade de Évora.

Os dados agora conhecidos resultaram do envolvimento de mais de 900 voluntários, mais de metade dos quais nunca tinham participado numa iniciativa de ciência cidadã. Estes participantes responderam ao desafio para registarem os locais onde tinham visto ou ouvido corujas-das-torres, ou onde já sabiam que existem ninhos da espécie. Até ao final de Junho, aliás, ainda é possível qualquer pessoa participar caso veja ou ouça esta ave, preenchendo um formulário online.

O objetivo da iniciativa é contar o maior número possível de corujas, para melhorar as estimativas da distribuição e da abundância da população desta espécie em Portugal, explicam os coordenadores. A coruja-das-torres tem atualmente uma tendência  
populacional negativa na Península Ibérica e em vários países da Europa, pois o número de aves detectadas tem estado a diminuir. 

Muito fácil de identificar

“Por ser muito tolerante à presença humana, pode até ser encontrada em cidades, onde nidifica frequentemente em edifícios”, descreve a SPEA. “É muito fácil de identificar, com o seu disco facial branco em forma de coração e uma voz inconfundível.”

Foto: Mariana Tomaz

Em Março passado, foram também organizados os fins de semana da coruja-das-torres, nos quais qualquer pessoa poderia participar, ficando pelo menos 10 minutos na rua, depois de escurecer, a tentar ouvir corujas. Além dessas participações, o censo contou também com voluntários já com experiência: membros do GTAN tiveram o apoio de 24 coordenadores regionais para registar a presença destas aves, através de pontos de escuta.

“Este censo foi uma oportunidade para envolver pessoas sem experiência em observação de aves, dar-lhes a conhecer esta espécie emblemática, e mostrar que podem contribuir para o conhecimento colectivo de forma simples”, comentou Inês Roque, uma das coordenadoras das contagens.


Saiba mais.

Recorde quais são as diferenças entre mochos e corujas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.