Sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans). Foto: Felix Reimann/Wiki Commons

Guimarães entra no City Nature Challenge e vai registar as espécies selvagens da cidade

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O City Nature Challenge 2021 está quase a chegar. A população de Guimarães, a única cidade portuguesa a participar na iniciativa mundial, vai procurar e fotografar o maior número de espécies que conseguir de 30 de Abril a 3 de Maio.

Cidades de 43 países estão a desafiar os seus moradores a sair de casa para procurar e fotografar as espécies de plantas e de animais que encontrarem e partilharem os seus registos no iNaturalist ou na plataforma definida pela cidade onde participam.

Na edição de 2020, mais de 41.000 pessoas em 244 cidades espalhadas pelo mundo documentaram mais de 32.000 espécies num total de 815.000 registos.

O City Nature Challenge depressa se tornou num evento mundial, que atrai cidades como Tóquio, Berlim, Rio de Janeiro, Praga, Copenhaga, Cidade do Cabo, Atenas ou Bogotá. Tudo começou em 2016 com uma iniciativa lançada para aproximar as pessoas à natureza através de uma competição amigável entre as cidades de Los Angeles e São Francisco, nos Estados Unidos. Numa semana, mais de 1.000 pessoas fizeram mais de 20.000 observações e catalogaram cerca de 1.600 espécies em cada local, incluindo a observação de novas espécies para ambas as áreas.

O interesse das outras cidades em participar neste evento foi tão grande que se estendeu a outros países, tornando-se em 2018 um evento internacional.

A cidade de Guimarães participou pela primeira vez em 2018 e foi a primeira cidade portuguesa a aderir ao desafio. Desde então tem participado todos os anos.

Este ano é a única cidade portuguesa a juntar-se ao concurso de cidades em busca da vida selvagem urbana.

“No ano passado, em plena pandemia e confinamento, foram feitas quase 200 observações, num total de praticamente 150 espécies de fauna e flora”, segundo o Laboratório da Paisagem, que organiza o evento em Guimarães. Foram registadas espécies como o dedo-do-diabo (Clathrus archeri), o pintarroxo (Carduelis cannabina) e a cobra-de-escada (Rhinecis scalaris).

Os grupos de espécies mais observados foram os artrópodes, as plantas e as aves. Estas espécies juntaram-se à lista da biodiversidade de Guimarães que tem hoje mais de 300 espécies.

O Laboratório da Paisagem explicou à Wilder que “as pessoas podem participar através da aplicação Biodiversity GO! ou enviando as observações através do nosso email [email protected]. Se não souberem de que espécie se trata, os nossos investigadores farão a necessária identificação e posterior submissão na plataforma mundial do City Nature Challenge“. 

Este ano, além do convite à população em geral para partir à descoberta de biodiversidade, o Laboratório da Paisagem e o Curtir Ciência – Centro Ciência Viva de Guimarães estão a preparar várias iniciativas para celebrar a vida selvagem urbana.

No dia 1 de Maio, às 10h00, elementos da Brigada Verde de Creixomil, acompanhados por técnicos do Laboratório da Paisagem, farão um passeio e registo fotográfico pela Veiga de Creixomil, registando tudo o que encontrarem.

No domingo, dia 2, pelas 10h30 horas, o desafio é lançado à comunidade em geral, para capturar a biodiversidade no Parque da Cidade de Guimarães. A atividade terá igualmente o acompanhamento técnicos do Laboratório da Paisagem. A inscrição é gratuita, mas obrigatória, tendo como limite a participação de 10 pessoas. Os interessados devem enviar e-mail para [email protected].

O Curtir Ciência – Centro Ciência Viva de Guimarães organiza a atividade “Biodiversidade de Couros”, no dia 1 de maio pelas 10h30. Nesta atividade, os participantes irão ter a oportunidade de observar e registar os diferentes grupos faunísticos presentes na zona de Couros. Num pequeno percurso pelas instalações do Curtir Ciência – Centro Ciência Viva de Guimarães irão observar a azáfama das aves que nidificam no edifício, conhecer um hotel de insetos e qual a sua importância para a conservação dos insectos polinizadores, bem como fazer uma visita ao “Tanque com Vida” seguida de uma sessão de observação de anfíbios e macroinvertebrados em laboratório. A atividade terá a duração aproximada de 1:30 horas, para um máximo de 10 participantes. A inscrição gratuita, mas obrigatória, deve ser feita pelo [email protected].

“Ao longo dos últimos anos os vimaranenses já contribuíram com centenas de avistamentos, permitindo à comunidade científica mapear as diferentes espécies, seja animal, planta, ou outra evidência de vida.”


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.