Universidade do Algarve organiza busca subaquática de espécie exótica, o verme de fogo

O desafio lançado pelos investigadores é encontrar e fotografar o verme de fogo nas águas algarvias. O Fotoblitz subaquático é organizado pela plataforma NEMA (Novas Espécies Marinhas do Algarve) e decorre a partir de 14 de Agosto, em cinco locais diferentes da região.

A população de verme de fogo (Hermodice carunculata) parece estar a aumentar no Algarve, segundo os dados recolhidos no âmbito da plataforma NEMA (Novas Espécies Marinhas do Algarve), coordenada por investigadores do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR) da Universidade do Algarve.

Verme de fogo. Foto: Prilfish/WikiCommons

“Trata-se de uma espécie de origem subtropical, do grupo dos poliquetas, e tem sido avistada na costa sul e oeste do Algarve, havendo registos de ocorrências desde Dezembro de 2015”, segundo o NEMA.

Este é um invertebrado de cor vermelha a esverdeada, pertencente à família Amphinomidae, e pode atingir os 35 centímetros de comprimento.

O projecto de ciência cidadã NEMA pretende monitorizar a presença de espécies marinhas de outras regiões do globo no Algarve, como o caranguejo-azul (Callinectes sapidus), a corvina-americana (Cynoscion regalis), o peixe-verde (Thalassoma pavo) ou a garoupa-de-rolo (Serranus atricauda). “O NEMA tem aumentado o conhecimento científico sobre espécies não-indígenas, contando com a ajuda de algarvios e turistas que visitam a região.”

Na edição deste ano, o NEMA vai organizar cinco FotoBlitzs subaquáticos, a partir de 14 de Agosto e, à semelhança do que aconteceu no Verão do ano passado, volta assim a contar com o apoio de vários centros de mergulho do Algarve.

“Um FotoBlitz não é um concurso de fotografia; o grande objectivo de um FotoBlitz é documentar a biodiversidade de um dado local através de fotografia, durante um curto período de tempo”, explica o CCMAR em comunicado.

Nos últimos 20 anos, “a quantidade de espécies não-indígenas tem vindo a aumentar no Algarve. Algumas destas espécies são de origem subtropical e têm surgido nesta zona devido ao aquecimento das águas dos oceanos, num fenómeno conhecido como tropicalização”.

O verme de fogo, tal como o seu nome comum indica, é um animal que se for manuseado sem proteção ou cuidado provoca uma forte sensação de queimadura e dor localizada que duram vários dias. Esta reação inflamatória acontece porque o verme de fogo tem uma série de sedas (pêlos brancos) ao longo do corpo que injectam na pele uma toxina que provoca dor, sensação de queimadura e inchaço. “O seu manuseamento é assim extremamente desaconselhado e torna-se por isso necessário alertar a população para a sua presença uma vez que ainda é pouco conhecido em Portugal continental.”

Esta atividade insere-se também no projeto recentemente aprovado ATLAZUL (Poctep/Interreg 0755_ATLAZUL_6_E – Impulso da Aliança Litoral Atlântica para o Crescimento Azul), em que a Universidade do Algarve é um dos parceiros e coordenadores, e que tem como objetivo explorar as novas espécies da região para fins turísticos ou introdução na gastronomia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.