WWF alerta para colapso iminente do espadarte do Mediterrâneo

A preocupante redução das populações de espadarte do Mediterrâneo levou a organização WWF a pedir hoje o fim da pesca excessiva desta espécie às 48 nações reunidas no Algarve esta semana para debater a pesca e a conservação dos atuns.

 

A partir de hoje e até 21 de Novembro, os países membros da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT) – incluindo os Estados Unidos, Japão e União Europeia – estão reunidos em Vilamoura, Algarve. Pela frente têm o trabalho de decidir quais os regimes de gestão para várias espécies de peixes, como o espadarte do Mediterrâneo, o atum-rabilho e os tubarões.

“A WWF está seriamente preocupada com a actual taxa de capturas de espadarte e apela a acções que evitem um colapso igual ao que testemunhámos no caso do atum-rabilho do Mediterrâneo, num passado bem recente”, escreve a organização em comunicado.

Giuseppe Di Carlo, director da iniciativa marinha mediterrânea da WWF, explicou que “nos últimos 20 anos, as capturas diminuíram em quase 50% e muitos espadartes jovens são capturados antes de se puderem reproduzir e assim garantirem a sobrevivência da espécie”. Na sua opinião, “o futuro do espadarte do Mediterrâneo está em sério risco”.

 

 

Esta preocupação assenta nos dados do comité científico do ICCAT. Estes indicam que a biomassa reprodutora da população de espadarte – ou seja, o peso combinado de todos os indivíduos da população com capacidade de reprodução – é 88% inferior aos níveis considerados seguros para uma população saudável. Na verdade, 70% dos peixes capturados são juvenis, até aos três anos de idade.

A WWF pediu hoje ao ICCAT que implemente um “plano de recuperação ambicioso” para “trazer esta população de volta a um nível sustentável”, conseguindo também ajudar as comunidades de pescadores que dependem do espadarte.

Além desse plano de recuperação, a WWF entende ser necessária uma redução da quantidade de peixes capturados e a definição de um limite total admissível de capturas (TAC) para esta espécie. Outras medidas sugeridas são a luta contra a pesca ilegal, a revisão do tamanho mínimo de referência para a conservação destes peixes e novas formas para reduzir as capturas acessórias.

A organização diz-se também preocupada com o destino dos tubarões, especialmente a tintureira e o anequim, as espécies mais vulneráveis à sobrepesca. “A WWF pede aos gestores do ICCAT para estabelecerem planos de gestão a longo prazo, incluindo a fixação de limites de captura precaucionários para garantir que estas espécies icónicas se mantenham nos nossos mares”, acrescenta.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.