paisagem-com-as-escarpas-cinzentas-do-douro-que-emolduram-o-rio
Arribas do rio Douro. Foto: Domingos Leitão

Cinco motivos para ir ao Festival Ibérico de Natureza das Arribas do Douro

Já falta pouco para a segunda edição do festival ObservArribas, organizado pelos parceiros do projecto Life Rupis e pela Câmara Municipal de Miranda do Douro, em pleno Parque Natural do Douro Internacional. A Wilder falou com um dos membros da organização e conta-lhe o que não vai querer perder, entre os dias 25 e 27 de Maio.

 

1. Conhecer de perto a águia-perdigueira e o britango:

duas águias no ninho
Duas águias-perdigueiras juvenis. Foto: Lalo Ventoso/Wiki Commons

 

A águia-perdigueira, também conhecida por águia-de-Bonelli, é este ano o símbolo do ObservArribas – Festival Ibérico de Natureza das Arribas do Douro. Ave do Ano em 2018, ocorre nas arribas do Douro e “vai ser um dos focos nas actividades de observação” nestes dias, tal como outras aves que habitam na região, adiantou à Wilder Joaquim Teodósio, coordenador do Life Rupis. Este projecto luso-espanhol de conservação tem como principais alvos a águia-perdigueira e o britango (ou abutre-do-Egipto), na área de fronteira do Douro Internacional.

“No final de Maio, as águias-perdigueiras já vão ter as crias no ninho”, notou ainda Joaquim Teodósio, também ligado à Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Por isso, para não perturbarem os territórios de nidificação, os passeios em busca desta espécie vão privilegiar as zonas onde as aves costumam caçar. Quanto aos abutres, quem tiver curiosidade sobre britangos e grifos e outras espécies necrófagas, além dos passeios, pode acompanhar uma sessão de alimentação num campo de alimentação para estas aves.

 

2. Participar em passeios guiados e oficinas na natureza:

abutre-do-egito-observado-de-perfil
O britango é uma das aves que ocorrem no Douro Internacional. Foto: Ricardo Brandão/CERVAS

 

Tal como em 2017, os visitantes do Festival vão ter à escolha um programa com dezenas de actividades, entre passeios para observação de aves e de flora, incluindo observação de aves nocturnas, cruzeiros e passeios de caiaque guiados pelo rio Douro, uma sessão de anilhagem de aves, diferentes visitas culturais, oficinas e ainda actividades específicas para os mais novos.

“Voltámos a ultrapassar as 50 actividades propostas, graças aos parceiros e às empresas locais, um sinal muito bom do que este território tem para oferecer em termos de natureza e desenvolvimento sustentável”, sublinhou Joaquim Teodósio. As inscrições online já abriram e decorrem até ao próximo dia 18 – algumas com limite de vagas, na maioria gratuitas ou com desconto – e “estão a decorrer a bom ritmo”. Depois desse dia, só por telefone ou mais tarde no local do festival.

Agendada está também uma sessão de conversas, dia 27 à tarde, onde se vai falar de fotografia de vida selvagem, de ilustração científica e de actividades para crianças, entre outros temas, no auditório do Pavilhão Multiusos de Miranda do Douro. No pavilhão realiza-se também uma feira com empresas e venda de produtos locais.

 

3. Contactar com as tradições do Nordeste Transmontano:

dois-burros-um-dos-quais-juvenil-pastam
Burros-mirandeses. Foto: Cláudia Costa

 

Entre as mais de 50 actividades programadas, estão várias acções dedicadas à cultura e às tradições que fazem do Nordeste Transmontano uma região única.

Exemplos? Um passeio com um pastor local, com explicações sobre a importância desta actividade para a vida selvagem da região, visitas aos Centros de Valorização e de Acolhimento do Burro de Miranda (aqui e aqui), ir conhecer os pombais tradicionais que caracterizam a paisagem. Haverá ainda workshops de introdução à língua mirandesa e às danças tradicionais e números de animação musical.

“Queremos mostrar que nesta região há actividades que são desenvolvidas há muitas décadas, que as pessoas muitas vezes acabam por não valorizar, mas que podem tornar-se numa mais-valia para a promoção turística”, explicou o coordenador do Life Rupis.

 

4. Assistir a uma demonstração de cães-polícias do SEPNA-Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (GNR):

Tem curiosidade em conhecer melhor o trabalho dos cães-polícia que são treinados para detectar venenos? Para dia 26 à tarde (sábado), junto ao Pavilhão Multiusos, está agendada uma demonstração da equipa cinotécnica do SEPNA-Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente, ligada à GNR, que trabalha directamente com os técnicos do projecto Life Rupis.

Os polícias vão mostrar como estes cães são treinados para encontrarem iscos envenenados e o que fazem quando isso acontece. Em causa está o combate a uma grande ameaça às aves e à restante vida selvagem – e também uma preocupação para a saúde pública.

 

5. Festejar os 20 anos do Parque Natural do Douro Internacional:

troço das arribas do Douro
Paisagem do Parque Natural do Douro Internacional. Foto: SPEA

 

A área protegida do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) foi criada há 20 anos por decreto-regulamentar, a 11 de Maio de 1998. Colado à fronteira, em Espanha, nascia quatro anos depois o Parque Natural Arribes del Duero. Em conjunto, as duas áreas totalizam 192.605 hectares, formando “um dos maiores espaços protegidos da Europa”, explica o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Na manhã de 25 de Maio (sexta-feira), cantam-se os parabéns pelos 20 anos do PNDI, de uma forma especial: um percurso pedestre de quatro quilómetros com partida e chegada em Bruçó (Mogadouro), que passa por diferentes paisagens desta área protegida, guiado por técnicos e vigilantes do parque natural. No final, visita-se uma queijaria artesanal e há piquenique.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde o balanço que foi feito da primeira edição do ObservArribas, em Junho de 2017. E se quiser conhecer melhor o projecto Life Rupis, visite o site deste projecto.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.