Azevinho. Foto: jacinta lluch valero/Wiki Commons

Para fazer: descobrir 8 plantas de Natal nos Jardins Botânicos da Universidade de Lisboa

Início

Já chegou aquela altura do ano em que nos preparamos para celebrar o Natal. Os Jardins Botânicos da Universidade de Lisboa sugerem dar um passeio e admirar oito plantas de Natal, desde o azevinho aos musgos e líquenes.

A proposta é uma visita ao Jardim Botânico de Lisboa, ao Jardim Botânico Tropical e ao Jardim Botânico da Ajuda para conhecer as plantas que estão associadas à quadra natalícia. Qual a sua origem e porque estão associadas ao Natal?

Pinheiro-manso (Pinus pinea)

Pinheiro-manso (Pinus pinea). Foto: Jebulon/WikiCommons

Durante a época natalícia é frequente o seu uso como árvore de Natal. “A tradicional árvore de Natal é frequentemente proveniente da sua plantação em vaso ou de limpezas de pinhais efetuadas por entidades publicas ou privadas certificadas”, lembram os responsáveis pelos Jardins Botânicos.

Esta espécie contribui para a sustentabilidade do planeta, sendo uma das espécies escolhidas para acções de reflorestação de áreas suscetíveis à desertificação.

“O pinheiro-manso é uma espécie resinosa da família Pinaceae, de crescimento lento, e que pode viver até aos 300 anos de idade, tendo já sido identificados alguns exemplares com 400 a 500″, segundo Carine Azevedo, especialista em Botânica.

Onde encontrar: Jardim Botânico de Lisboa, Jardim Botânico Tropical e Jardim Botânico da Ajuda

Oliveira (Olea europaea)

tronco de uma árvore com musgo
Foto: Wilder/arquivo

A oliveira é uma espécie de árvore nativa da Europa Mediterrânea, Ásia e África. “Símbolo da paz, a oliveira é frequentemente oferecida em vaso como presente de Natal”, segundo os Jardins Botânicos de Lisboa.

A oliveira, espécie da família Oleaceae, é uma árvore perene, de porte pequeno, raramente ultrapassando os 10 metros de altura. Tem copa ampla e arredondada, tronco grosso e irregular.

“É vista como uma planta ornamental, mas também como uma árvore de fruto, de grande longevidade, podendo chegar a atingir mais de 3000 anos. Esta árvore representa há muito tempo riqueza, abundância, poder e paz”, segundo Carine Azevedo.

Onde encontrar: Jardim Botânico de Lisboa, Jardim Botânico Tropical

Estrela-de-Natal (Euphorbia pulcherrima)

Estrela-de-Natal (Euphorbia pulcherrima). Foto: Trạng nguyên/Wikimedia Commons

Também conhecida por Poinsétia, a distribuição nativa desta espécie vai do México à Guatemala e foi introduzida em outros continentes. “A associação desta espécie com o Natal deve-se a algumas lendas e aos frades Franciscanos no México que a incluíram nas suas celebrações de Natal nos séculos XVI e XVII”, explicam os Jardins Botânicos.

“A folha em forma de estrela simboliza a Estrela de Belém e o vermelho representa o sangue no sacrifício de Jesus Cristo.”

Onde encontrar: Jardim Botânico de Lisboa, Jardim Botânico Tropical e Jardim Botânico da Ajuda

Azevinho (Ilex aquifolium)

Azevinho. Foto: jacinta lluch valero/Wiki Commons

O azevinho é uma planta nativa da Europa e noroeste de África e tem uma ampla distribuição em Portugal, sobretudo no Norte do país.

É um espécie “muito utilizada nas decorações de Natal, especialmente em coroas, grinaldas e centros de mesa”, segundo os Jardins Botânicos de Lisboa. “Séculos antes de se celebrar o Natal, a planta era já utilizada em celebrações pelos Celtas e Romanos.”

Carine Azevedo recorda que, “devido à colheita intensa a que foi sujeito em Portugal, o azevinho encontra-se protegido por lei desde 1989, tendo sido colocado na lista das plantas em vias de extinção”. “De acordo com o Decreto-lei 423/89 de 4 de Dezembro ´é proibido, em todo o território do continente, o arranque, o corte total ou parcial, o transporte e a venda do azevinho espontâneo Ilex aquifolium L., também conhecido por pica-folha, visqueiro ou zebro’.”

Onde encontrar: Jardim Botânico de Lisboa

Gilbardeira (Ruscus spp.)

Gilbardeira. Foto: Dominicus Johannes Bergsma/Wiki Commons

A gilbardeira é uma espécie autóctone de Portugal e está presente em todo o país. As suas bagas começam a amadurecer em meados de Novembro.

“Começou a ser colhida na altura do Natal quando rareava o azevinho. É utilizada em arranjos florais, mas a espécie nativa não deve ser colhida nos seus habitats naturais”, explicam os Jardins Botânicos.

Segundo Carine Azevedo, “a gilbardeira é uma planta muito ornamental, pouco exigente e que pode viver cerca 20 anos”. 

Onde encontrar: Jardim Botânico de Lisboa, Jardim Botânico Tropical e Jardim Botânico da Ajuda

Musgo-cauda-enrolada (Scorpiurium circinatum)

Foto: Jonathan Sleath

“É frequentemente utilizado na construção de presépios, no entanto, esta tradição tem um grande impacto nos habitats naturais, pois estes organismos são importantes para combater a erosão, fixar água no solo e também como nicho ecológico para várias espécies de animais. É importante evitar comprar estas espécies devendo, em alternativa, optar por searinhas de trigo ou alpista”, escrevem os Jardins Botânicos.

“Em Portugal continental existem mais de 700 espécies de briófitos (musgos, hepáticas e antocerotas), sendo que 30% apresentam um estatuto de conservação elevado.”

Onde encontrar: Jardim Botânico de Lisboa

Hera (Hedera spp.)

Hera (Hedera helix). Foto: kallerna/WikiCommons

“Existem várias espécies de Hera nos três Jardins Botânicos da ULisboa. As autóctones são, na sua maioria, nativas da maior parte da Europa e da Ásia ocidental. São utilizadas nas decorações de Natal, especialmente nas coroas, grinaldas e centros de mesa, ou mesmo em floreiras ou cestas suspensas.”

Segundo Carine Azevedo, “a hera é uma planta ornamental muito popular, valorizada pela sua capacidade de se desenvolver em locais de sombra e por ser uma excelente alternativa para a cobertura do solo. Além disso, a presença de raízes adventícias ao longo dos caules semi-lenhosos permitem que cresça como uma planta trepadeira, ao longo de diversos tipos de estruturas, sendo ideal para o cobrir paredes, muros e grades”. 

Onde encontrar: Jardim Botânico de Lisboa, Jardim Botânico Tropical e Jardim Botânico da Ajuda

Líquenes (Cladonia spp. (entre outros géneros)

Foto: Wilder/arquivo

“A sua distribuição e o seu nome comum dependem das espécies, existindo largas centenas destas em Portugal em diferentes habitats“, segundo os Jardins Botânicos. 

“Os líquenes não são plantas, são associações de, pelo menos, três organismos, dois fungos e uma alga. São usados na construção de presépios e frequentemente vendidos como ‘musgo branco’”. 

Os Jardins Botânicos sublinham que “os líquenes não devem ser removidos dos seus ecossistemas pois tal como os musgos combatem a erosão, fixam o solo e são importantes componentes das chamadas ‘crostas do solo’, como se fossem a ‘pele’ da terra, tendo um papel ecológico muito importante”.


Saiba mais.

Descubra aqui como celebrar o Natal com plantas nativas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.