Que espécie é esta: aranha-caranguejo-de-tubérculos

A leitora Carla Marques fotografou esta aranha a 18 de Maio no seu jardim na Figueira da Foz e pediu ajuda para saber qual a espécie. Pedro Sousa responde.

“Envio duas imagens da aranha cor-de-rosa que fotografei cerca de dois dias antes de encontrar a aranha-caranguejo-napoleão já conhecida (graças a vós e já agora, que nome fantástico a mesma tem), bem assim como novas imagens de um novo espécime que encontrei hoje no meu jardim, no arbusto de rosmaninho, na zona da Figueira da Foz”, escreveu a leitora à Wilder.

“Apenas uma nota: percebi que quando a aranha-caranguejo-napoleão ficou mais ativa, a aranha cor-de-rosa, que simpaticamente batizei de “Tila”, voltou costas e abandonou o rosmaninho, ficando aquele espaço inteiramente para a nova residente. Curiosamente, a 28.05.2022, depois de procurar a pequena “imperatriz” e de se frustrar essa busca, dei com a nova residente a almoçar uma bela abelha… questão que se me oferece colocar, para além da identificação que vos pedi: o espaço de caça só admite uma espécie de aranhas?”

A aranha rosa é uma aranha-caranguejo-de-tubérculos (Thomisus onustus). A outra aranha é uma aranha caranguejeira, provavelmente do género Xysticus.

Espécie identificada e texto por: Pedro Sousa, investigador do CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos).

A aranha rosa é uma Thomisus onustus (ou aranha-caranguejo-de-tubérculos entre outros nomes comuns que tem ganho), aranha comum e já comentada antes para a Wilder.

A outra aranha é também uma aranha caranguejeira, provavelmente do género Xysticus. Há várias espécies de aranha semelhantes, pelo que é o máximo que se consegue dizer.

Não sei se as aranhas têm tal grau de exclusão; é possível encontrar mais do que uma no mesmo arbusto com certeza.

Se a aranha se tiver alimentado bem, não tem motivos para continuar exposta aos predadores no cimo das flores e pode ter optado por se recolher para um abrigo, debaixo de uma flor ou folha.

É também possível que aranhas maiores comam aranhas mais pequenas. Normalmente é a norma do tamanho maior que prevalece, embora estas “aranhas das flores” tenham clara preferência por insectos voadores, que permanecem abundantes nesta altura do ano.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.