Que espécie é esta: fungo Schizophyllum commune

A leitora Helena Alves fotografou estes fungos em Arganil a 29 de Janeiro e pediu ajuda para saber qual a espécie. A associação Ecofungos responde.

“Fiz um passeio aqui no bosque junto da minha casa em Arganil, zona do Sobreiral. Numa zona de carvalhos, sobreiros e outras espécies próximo da margem esquerda do rio Alva encontrei num tronco caído este fungo que será saprófita, penso eu, mas nunca tinha visto desta forma”, escreveu a leitora à Wilder.

Tratar-se-á de uma Schizophyllum commune.

Espécie identificada e texto por:  Ecofungos – Associação Micológica.

Um dos fatores importantes no registo de espécies micológicas passa por efetuar fotografias detalhadas de alguns pormenores, que são fundamentais para ajudar na identificação macroscópica dos exemplares. Por exemplo, uma foto da parte superior do chapéu, como é o caso desta foto que nos enviam.

Depois, uma foto da parte inferior do exemplar, ou seja do himenóforo.

Se os cogumelos tiverem pé, devem ser registadas também fotos que nos permitam ver com o maior detalhe possível as suas características – por exemplo se existe anel, se na parte terminal inferior se verifica a presença de uma volva (saco membranoso que envolve o cogumelo na sua fase inicial de maturação, como no género Amanita).

Além destes pormenores fotográficos, é importante registar ainda algumas propriedades organolépticas, como cheiro, viscosidade, etc. 

Posto isto, a espécie provável que a leitora nos envia será uma Schizophyllum commune.

Como o nome indica, é uma espécie  comum e cosmopolita. Surge em vários hospedeiros, reciclando a matéria orgânica, enquanto espécie saprófita.

Esta espécie desenvolveu uma adaptação fantástica, que lhe permite sobreviver a diversos ciclos de hidratação e desidratação, ao longo do ano, ou anos. As suas lâminas bifurcadas, abrem e fecham, de acordo com estes ciclos, protegendo a parte fértil do cogumelo nas alturas mais críticas.

Também os pêlos na parte superior, contribuem para minorar a desidratação nesta espécie.


Agora é a sua vez.

Encontrou um animal ou planta que não sabe a que espécie pertence? Envie-nos para o nosso email a fotografia, a data e o local. Trabalhamos com uma equipa de especialistas que o vão ajudar.

Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.