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Foto: Pixabay

Cachalote encontrado no Tejo junto ao Cais do Sodré, em Lisboa

Um cachalote-pigmeu (Kogia breviceps) foi encontrado esta manhã junto ao Cais do Sodré, na cidade de Lisboa. O cetáceo acabou por morrer.

 

O pequeno cachalote, com cerca de dois metros de comprimento, foi encontrado ainda com vida por pessoas que estavam a correr junto ao rio Tejo. “Íamos a correr nesta zona quando reparámos que estava um animal dentro de água”, contou Igor Carneiro à RTP. O animal “apresentava bastantes ferimentos, andava a rebolar na ondulação”, acrescentou.

De acordo com Marina Sequeira, do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em declarações à estação de televisão, “a princípio era um animal que já estava doente, começou a ficar cada vez mais fraco. Não conseguia nadar correctamente e acabou por ser arrastado para dentro do Estuário” do Tejo.

Agora, o animal vai ser levado para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CRAM – Ecomare), em Quiaios (Ílhavo), disse à Wilder Marisa Ferreira, coordenadora desse laboratório. “Quando os animais arrojados pertencem a espécies das quais se sabe muito pouco, há interesse em recolhê-los para aumentarmos o conhecimento”, explicou.

O cachalote-pigmeu, além de ser um animal tímido – “que mergulha quando se assusta” – vive preferencialmente em águas profundas. Por isso é uma espécie mais rara e menos susceptível de aparecer em arrojamentos. De facto, segundo Marisa Ferreira, “os avistamentos desta espécie em Portugal são muito poucos”. Ainda assim, aquele centro recebe, em média, um a dois cachalotes-pigmeus por ano.

Os veterinários vão fazer uma necropsia pormenorizada ao cetáceo, para avaliar o seu estado geral e identificar as causas da morte. Também serão feitas várias análises para recolher informação sobre a espécie, como análises toxicológicas e ao conteúdo do estômago e medição do peso e do comprimento do animal. Alguns órgãos serão arquivados no Banco de Tecidos do laboratório.

“Recolher os dados de apenas um animal não nos permite ter informação suficiente sobre a espécie. Mas se recebermos os animais arrojados ao longo de quatro, cinco anos, já teremos uma amostra considerável para podermos para fazer estudos” e saber mais sobre a distribuição da espécie, por exemplo, explicou Marisa Ferreira.

O arrojamento de cetáceos não é um acontecimento raro em Portugal. “Acontecem ao longo de toda a costa portuguesa, durante todo o ano.” Ainda assim, há maior propensão para ocorrerem no final do Inverno e início da Primavera, altura das tempestades.

O CRAM-Ecomare já recebeu este ano cerca de 100 cetáceos arrojados, disse Marisa Ferreira. Entre eles estão botos, golfinhos-riscados e baleias-anãs. “Há espécies mais propensas a arrojar, especialmente aquelas que vivem mais próximo da costa e da superfície e que são mais abundantes”, acrescentou.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Se algum dia se deparar com um cetáceo arrojado, saiba que espécies serão mais prováveis de encontrar e o que deve fazer.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.