Foto: António Rivas/Programa de Conservación Ex-situ

Espanha: Homem condenado a dois anos de prisão por matar um lince-ibérico

A sentença foi decidida pelo Tribunal de Badajoz, com base em factos decorridos em 2019 numa herdade agrícola desta localidade.

O homem agora condenado foi dado como culpado de ter morto um lince-ibérico no momento em que estava à caça de perdizes numa herdade da qual é proprietário, que está integrada numa zona de caça. Quando o lince se aproximou de uma gaiola que estava a ser usada como chamariz para as perdizes, o homem terá disparado com intenção de matar o lince, concluiu a justiça espanhola.

Segundo a sentença do tribunal, citada pela agência noticiosa EFE Verde, este felino foi abatido com uma espingarda “a uma distância de 15 metros, encontrando-se numa zona sem vegetação e com um amplo campo de visão para o acusado”, tendo como resultado a “morte imediata do animal”.

Quando se realizou a necrópsia do lince, encontraram “um número aproximado de 80 projécteis de cartucho na região cranial, região toráxica, extremidades anteriores e menos quantidade na região caudal e extremidades posteriores”.

O proprietário da herdade solicitou então a um empregado seu que retirasse o corpo do lince e o escondesse fora dos seus terrenos, para evitar ser descoberto. Este trabalhador escondeu o corpo do animal no exterior da herdade e cobriu-o com vegetação. Mais tarde, o funcionário reconheceu o que tinha feito a agentes da Guarda Civil espanhola, levando-os às proximidades do local.

No âmbito do mesmo processo, este empregado foi condenado agora a um ano e meio de prisão, devido a um delito de encobrimento. Já o responsável pelo disparo que matou o lince foi condenado a dois anos por um delito contra a fauna e fica também proibido de caçar durante quatro anos. Para já, estas duas condenações não são definitivas e poderão ser ainda objecto de recurso, indica a agência EFE.

Segundo a sentença, este homem era conhecedor “da presença nos terrenos da sua propriedade da espécie lince e de que a mesma está catalogada Em Perigo de extinção e de que se tinham aplicado investimentos e iniciativas da Região da Extremadura, com fundos próprios e da União Europeia, nos seus terrenos e na zona, com o objectivo de recuperação da espécie”.

O dono da herdade foi condenado ainda ao pagamento de um total de 114.158 euros pelos prejuízos económicos provocados pela perda do animal.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.