Família Schurmann. Foto: Emmanuel Schurmann
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Esta família escolheu viver num veleiro e há 38 anos que se dedica aos oceanos

Início

Mãe, pai e três filhos estão a dar a quarta volta ao mundo, a bordo do veleiro Kat, na expedição “Voz dos Oceanos”. O projecto desta família brasileira de velejadores e defensores dos oceanos, os Schurmann, com o apoio da ONU, é um dos projectos que participa na Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa a partir de 27 de Junho.

David Schurmann, 48 anos, cineasta e CEO da “Voz dos Oceanos”, movimento mundial de combate à poluição por plásticos, está em Lisboa para apresentar o projecto e para participar na 2ª Conferência dos Oceanos da ONU, de 27 de Junho a 1 de Julho.

À Wilder explicou como começou esta história da “família dos oceanos”, a primeira família latino-americana a circunavegar o mundo num veleiro, o que já conseguiram fazer e o que pretendem.

WILDER: Quando e porquê começou a relação da vossa família com a conservação dos oceanos?

David Schurmann: Acredito que essa é uma questão que permeia, naturalmente, a nossa história. Logo após o meu nascimento, meus pais fizeram uma viagem durante a qual surgiria um sonho que transformaria para sempre a vida de todos nós. Com poucos meses de idade, meu destino – e de todos os Schurmann – foi traçado. Nós seriamos uma família dos oceanos! Minha primeira década de vida foi marcada pelo planejamento e preparação para a nossa grande navegação. Durante esse processo, já tínhamos naturalmente uma atenção e um cuidado especial com o ambiente marinho.

Família Schurmann. Foto: Emmanuel Schurmann

O meu 10º aniversário foi o momento escolhido para começarmos nossa grande aventura! Como não se inicia uma navegação numa sexta-feira 13, no dia 14 de abril de 1984, aos 10 anos e 1 dia de idade, zarpei com meus pais e irmãos (Pierre com então 15 anos e Wilhelm com 7 anos) rumo ao mundo, fazendo dos mares e oceanos o nosso lar. A partir desse momento, consagra-se nosso comprometimento com aquele imenso ambiente marinho. Ele, de fato, passou a ser nossa moradia, minha escola e dos meus irmãos, local de trabalho dos meus pais, nosso espaço de lazer! Como não cuidar de tão amplo e rico ambiente? Foram dez anos navegando até concluirmos nossa primeira volta ao mundo, retornando ao Brasil em 1994. A partir deste fato, o veleiro passou a ser a residência oficial da Família Schurmann. 

David e e Wilhelm Schurmann. Foto: Família Schurmann

Em 1997, içamos as velas novamente, dessa vez com nossa irmã caçula Kat Schurmann a bordo, para a Magalhães Global Adventure que foi acompanhada por milhões de pessoas no Brasil e em mais 43 países, via Internet e TV. Mas naquela época o que apenas nós vimos, com surpresa, foi o lixo que invadia a deserta e paradisíaca Henderson Island, no Oceano Pacífico. Isso em 1998! Uma cena que nos impressionou, deixando toda a Família intrigada com aquele fato, até então, inédito e inesperado. Humildemente, tratamos de exercer nosso papel e recolhemos aquele lixo que encontramos, buscando assim conservar e preservar aquele ambiente.

Em 2014, partimos para nossa terceira volta ao mundo a bodo do nosso novo – e sustentável – veleiro, o Kat, com a nossa Expedição Oriente. Novamente, nossa jornada era transmitida na TV aberta e nas fortalecidas e populares mídias digitais. Durante essa jornada, em 2015, na também deserta e paradisíaca West Fayu, outra ilha no Oceano Pacífico, nos deparamos com uma quantidade assustadora de lixo espalhado por quilômetros de areia clara. Eram resíduos, a maioria plásticos, que vinham de todas as partes do mundo.

Recolha de lixo na ilha de West Fayu. Foto: Família Schurmann

Dessa vez, levamos essa preocupante realidade para os nossos canais no Facebook e no YouTube, além de compartilhar as imagens e o alerta com a mídia tradicional. Nosso “grito” alcançou milhões de pessoas do Brasil e do mundo. Mas, acima de tudo, despertou em nós a urgência por ações mais amplas e coletivas, capazes de reverter aquele cenário. Ao ancorar de volta no Brasil, em 2016, nossa próxima missão ainda não tinha uma rota definida, mas já estava determinada a ser moldada dentro de um propósito: salvar os nossos oceanos.

Em três décadas de história, testemunhamos um movimento crescente e preocupante de invasão absurda de plástico no nosso Planeta Água. Como mencionei, os oceanos são nosso lar e também a área de lazer, de praticar esporte, o local de trabalho, de produção, a estrada que nos leva ao redor do mundo… Nele, estamos em literalmente constante movimento. Por isso, diante desse desafio, jamais ficaríamos parados! Assim, criamos e iniciamos nossa atual missão: a Voz dos Oceanos!

W: Pode descrever um pouco do vosso dia-a-dia a bordo do veleiro Kat e quem são?

David Schurmann: Além das atividades domésticas e das navegadas em si, que demandam dividir a tripulação em turnos para muitas vezes cobrir 24 horas ou mais de navegações contínuas, temos nossas missões pelos destinos onde passamos, como as gravações e pautas em centros universitários e de pesquisas, ONGs e iniciativas de combate ao plástico, escolas e instituições de ensino, comunidades e regiões afetadas pela invasão plástica, pólos de inovação, entre outras áreas que possibilitem ações de conscientização e engajamento, além de revelarem soluções capazes de recuperar e preservar nossos oceanos.

São dias bem dinâmicos e distintos, em constante movimento, sempre com novidades e com momentos incríveisde intensa integração com os oceanos e a natureza.

Além de mim, David Schurmann, 48 anos, cineasta e CEO da Voz dos Oceanos, nossa família de velejadores e defensores dos oceanos é formada por meus pais Vilfredo Schurmann, 74 anos, economista; Heloisa Schurmann (que completou 76 anos a 22 de junho), escritora, palestrante e pesquisadora, e meus irmãos Pierre Schurmann, 52 anos, investidor em startups, e Wilhelm Schurmann, 45 anos, campeão mundial de windsurf e capitão do veleiro Kat.

Família Schurmann. Foto: Emmanuel Schurmann

Vale mencionar que o nome do nosso veleiro é uma homenagem à nossa amada irmã, Kat Schurmann, que foi adotada aos 3 anos e faleceu perto de completar 14 anos, em 2006, devido a complicações decorrentes do vírus HIV, do qual era portadora desde seu nascimento (essa história de amor incondicional está no filme que dirigi “Pequeno Segredo”, selecionado para representar o Brasil no Oscar 2017).

Parceiros da campanha Mares Limpos do Programa da ONU para o Meio Ambiente, apoiador mundial da “Voz dos Oceanos”, nós, da Família Schurmann, lideramos essa iniciativa que tem a bordo do veleiro Kat os tripulantes: Erika Ternex, que embarcou durante a Expedição Oriente, nossa terceira volta ao mundo, chef de cozinha e responsável pela compra e envio de espécies marinhas que serão analisadas por nosso parceiro científico, a Universidade de São Paulo (USP); Alex Najas, diretor de fotografia; Carmina Reñones, assistente de câmera, e Rodrigo Gomes, criador de conteúdo digital.

Para realização da expedição, “Voz dos Oceanos” conta ainda com uma tripulação em terra com cerca 15 profissionais dedicados a áreas como Eventos, Logística, Jurídico, Audiovisual, Comunicação, Marketing, Parcerias e Licenciamento.

W: Nas três voltas ao mundo feitas nos últimos 38 anos, o que mais vos impressionou?

David Schurmann: Em termos ambientais, essa crescente invasão de resíduos a lugares tão remotos, inabitados, que mencionei acima. Henderson Island, por exemplo, fica próxima ao famoso Ponto Nemo do planeta, que é o local mais distante de qualquer outro território, seja continente ou ilha, habitada ou não. Ainda assim, é invadida por lixo de todas as partes do mundo. Isso é fato. Somos testemunhas oculares disso. Por isso, sempre reforçamos que não existe o “jogar fora”, como se um resíduo eliminado da nossa frente desintegrasse, desaparecesse. Ele vai para em algum ponto desse nosso planeta. Por isso, é fundamental a conscientização de todos, incluindo sociedade civil, indústria e governos, sobre a produção e gestão de resíduos. Precisamos repensar nossos hábitos de consumo, enquanto a indústria repensa a cadeia produtiva e órgãos públicos a gestão de resíduos.

David Schurmann. Foto: Emmanuel Schurmann

Em quase 40 anos de navegações já passamos por mais de 65 países e territórios, de grandes nações como a China a pequenas e isoladas ilhas do Pacífico. E como nosso planeta é diverso e lindo! São tantos lugares maravilhosos, riquíssimos em belezas naturais com culturas tão distintas e fascinantes! A gente precisa cuidar desse planeta! Quando falamos do ambiente marinho, especificamente, e das espécies ameaçadas, sabemos que todas são potenciais vítimas dessa invasão plástica. De tartarugas a baleias e até aves como albatrozes, por exemplo, vêm sofrendo e morrendo sufocados pelo lixo nos oceanos. E esse plástico que invade os oceanos também já afeta a nossa saúde. Nós, seres humanos, também somos vítimas desse plástico que entra na cadeia alimentar. Os peixes comem esse material e nós consumimos esses mesmos peixes. Pesquisas e estudos já identificam a presença de plástico no organismo humano e associam algumas doenças à presença desse material.

W: Na expedição “Voz dos Oceanos”, que começou em Agosto de 2021, por onde já passaram e o que conseguiram fazer?

David Schurmann: Até novembro de 2023, nossa “Voz dos Oceanos” passará por mais de 65 locais estratégicos no planeta, incluindo pontos dos mares onde os mais variados itens de plástico se acumulam, vindos de diferentes partes do mundo por meio das correntes marítimas. Como mencionou, começamos em agosto de 2021 com uma primeira etapa por praticamente toda a costa brasileira: Balneário Camboriú/SC, Santos/SP, Ilhabela/SP, Ubatuba/SP, Ilha Grande/RJ, Rio de Janeiro/RJ, Búzios/RJ, Vitória/ES, Abrolhos/BA, Salvador/BA, Recife/PE,  Fernando de Noronha/PE, Natal/RN, Ilhas de Lençóis/MA e cerca de 15 locais do estado do Pará, entre eles, Soure, Belém, Monte Alegre, Santarém – Alter do Chão e Afuá. Concluímos essa etapa brasileira com a inclusão da navegação fluvial por rios como Amazonas, Pará e Tapajós, ressaltando a interconexão entre rios e mares, que acontece em todo o planeta.

Em abril deste ano, iniciamos nossa etapa internacional, passando pelas Ilhas Virgens Britânicas e Bahamas, antes de chegar nos Estados Unidos, onde realizaremos uma jornada de cinco meses pela costa leste. Começamos por Miami e Fort Lauderdale, na Flórida, e a 24 de junho nossa tripulação deve iniciar a navegação rumo a Nova York. Próximos destinos nos Estados Unidos são: Hampton & Cape Cod, Boston, Maine, Nova Hampshire, Newport e Rhode Island. No final de outubro, nos despedimos dos Estados Unidos com a “Voz dos Oceanos” indo rumo ao Caribe, México e Panamá. Depois, navegará pelo Oceano Pacífico Sul até a Polinésia e terminará na Nova Zelândia, em novembro de 2023.

Começar essa jornada num cenário de pandemia da covid foi ainda mais desafiador. Mas, com criatividade e segurança, temos conseguido ótimos impactos. Na primeira fase da nossa jornada, pela costa brasileira, entre os estados brasileiros de Santa Catarina e Pará, estimamos ter impactado, no mínimo, 60 milhões de pessoas por meio dos nossos canais digitais oficiais, quadro mensal exibido aos domingos no programa Fantástico da TV Globo (líder entre as TVs abertas do Brasil), entrevistas e reportagens na mídia espontânea e collabs nas redes sociais. 

Foto: Família Schurmann

Nessa jornada de informação, conscientização e engajamento, ainda alcançamos os usuários de ônibus no Rio de Janeiro com a exibição de vídeo dentro dos veículos e as pessoas que caminhavam ou corriam na orla carioca com nossas intervenções urbanas. Vale destacar ainda que nossa causa ganhou grande destaque com iluminação e/ou projeções em importantes monumentos do país: Cristo Redentor (Rio de Janeiro); Farol da Barra, Elevador do Taboão e Elevador Lacerda (Salvador); Marco Zero (Recife), e Estação das Docas, Igreja Santo Alexandre, Theatro da Paz, e Samaumeira do Parque do Utinga (Belém). E ainda tivemos ações junto a escolas públicas e privadas, limpezas de praias e participação em eventos diversos que seguramente ampliaram ainda mais essa mobilização social. A conscientização de gestores públicos para governos comprometidos também é fundamental.

A Nova Economia do Plástico vem aí. Este ano, a Assembleia de Meio Ambiente da ONU avançou com os debates para um tratado global para frear a poluição plástica e foi encerrada com a aprovação de uma resolução histórica “para acabar com a poluição plástica e estabelecer um acordo internacional juridicamente vinculante até 2024”, aprovada por chefes de Estado, Ministros e Ministras do Meio Ambiente e outros representantes de 175 nações.

Nossa “Voz dos Oceanos” também vem fazendo a sua parte! Além de abrir importantes debates com Secretários Municipais, Vice-Prefeitos e/ou Prefeitos de Balneário Camboriú, Santos, Ilhabela, Paraty, Rio de Janeiro, Niterói, Vitória, Igarassu, Recife, Fernando de Noronha, Natal e do estado do Pará, nossa iniciativa foi a motivação para ações promissoras.

Durante passagem da expedição pelo Litoral Norte do estado de São Paulo, as Prefeituras de Ilhabela, Caraguatatuba, São Sebastião e Ubatuba assinaram uma carta de compromisso em defesa do “Oceano sem Plástico”.  Em Búzios, litoral do estado do Rio de Janeiro, “Voz dos Oceanos” foi o incentivo para que o poder público colocasse um projeto de reciclagem para funcionar já a partir deste ano. No estado de Pernambuco, nossa iniciativa foi o estímulo para a elaboração e a assinatura de um pacto entre os municípios do Litoral Norte (Abreu E Lima, Goiana, Igarassu, Itamaracá, Itapissuma, Olinda, Paulista e Recife), visando o comprometimento com as ações voltadas à preservação e conservação ambiental. A “Voz dos Oceanos” já cruzou o caminho de pessoas tão diversas, comprometidas com o bem-estar das outras pessoas e a saúde do entorno e do planeta. De jovens que refletem uma geração que quer e acredita na transformação capaz de recuperar e preservar os oceanos a pessoas “mais experientes” e que já vêm transformando o seu entorno, as suas comunidades, liderando ONGs, iniciativas e projetos, nossa Voz dos Oceanos vem destacando ações individuais e coletivas inspiradoras.

W: Já têm ideia de algumas soluções inovadoras para combater a poluição nos mares?

David Schurmann: Esse é um grande desafio, de fato. Mas já cruzamos com iniciativas que reforçam nossas esperanças! Costumamos dizer que a transformação acontece a partir de ações individuais e coletivas. O combate a poluição dos mares está nas mãos de todos, incluindo nós mesmos, como cidadãos e consumidores conscientes.

Foto: Família Schurmann

Na busca por soluções ficamos felizes em ver que o futuro é agora com jovens comprometidos e criativos, que surpreendem o mundo! No início da nossa expedição, ainda em Santa Catarina, conhecemos, por exemplo, o Gabriel Fernandes Mello Ferreira. Estudante do Ensino Médio em Itajaí, com apenas 17 anos, ele se consagrou como o primeiro brasileiro a ganhar o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, que reconhece iniciativas que melhorem a qualidade da água. O Gabriel inventou um filtro que retira micro plásticos da água e foi assim que ele superou outros 32 estudantes de todo o mundo em uma votação popular com 26 mil votos. A invenção dele já estava sendo analisada para ser adotada no sistema de saneamento da cidade.

Depois, em Salvador, no estado da Bahia, encontramos os estudantes de Administração Pedro Dantas, Antonio Rocha e Genilson Brito, de Análise de Desenvolvimento de Sistemas, Thiago Barbosa, e de Engenharia Química, Ramon de Almeida. Eles formam a equipe da Cafeína, que participou do NASA Space Apps Challenge International 2019, o maior hackathon do mundo. Com o projeto Ocean Ride, um dispositivo para recolher partículas de micro plásticos das águas, eles venceram a competição mundial e, este ano, devem finalmente visitar a NASA, na Flórida, Estados Unidos, onde apresentarão pessoalmente a solução aos representantes da instituição. Quando estivemos juntos, a bordo do veleiro Kat, eles já tinham novos e atualizados protótipos.

A criatividade e o empenho desses jovens refletem uma geração que quer e acredita na transformação capaz de recuperar e preservar os oceanos.

W: Como vão participar na Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa?

David Schurmann: A Conferência Mundial dos Oceanos é um dos eventos mais importantes para iniciativas como a “Voz dos Oceanos”, ainda mais nesta que é a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. Estamos em uma jornada em busca de soluções e transformações capazes de reverter e preservar os oceanos do planeta que, como mencionado anteriormente, vêm sendo crescentemente invadido por plástico e micro plástico. O líder do pilar Científico da “Voz dos Oceanos”, Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP – Universidade de São Paulo e coordenador da Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano será palestrante de alguns side events. Além disso, eu, David Schurmann, CEO da Voz dos Oceanos, e João Amaral, COO da nossa iniciativa, estaremos nesses eventos e em outras importantes apresentações, conferindo ações transformadoras e apresentando também, sempre que oportuno, nossa “Voz dos Oceanos”. A 26 de junho apresentamos nossa iniciativa e os primeiros impactos gerados a convidados reunidos na Atlantic Station, em Lisboa.

W: Como será o resto da vossa expedição? Onde vão a seguir?

David Schurmann: Neste momento, nossa tripulação e veleiro Kat está nos Estados Unidos, onde realizaremos uma jornada de cinco meses pela costa leste. Começamos por Miami e Fort Lauderdale, na Flórida, e a 24 de junho iniciamos a navegação rumo a Nova York. Próximos destinos nos Estados Unidos são: Hampton & Cape Cod, Boston, Maine, Nova Hampshire, Newport e Rhode Island. No final de outubro, nos despedimos dos Estados Unidos com a “Voz dos Oceanos” indo rumo ao Caribe, México e Panamá.

Depois, navegará pelo Oceano Pacífico Sul até a Polinésia e terminará na Nova Zelândia, em novembro de 2023.

Foto: Família Schurmann

Entre agosto de 2021 e novembro de 2023, nossa “Voz dos Oceanos” deverá passar por mais de 65 locais estratégicos no planeta, incluindo pontos dos mares onde os mais variados itens de plástico se acumulam, vindos de diferentes partes do mundo por meio das correntes marítimas.

W: E quando esta expedição terminar, em Dezembro de 2023 na Nova Zelândia, pretendem continuar a defender os oceanos? Se sim, já têm projectos para o futuro?

David Schurmann: Até a Nova Zelândia concluiremos a primeira das três etapas dessa nossa quarta volta ao mundo que assume essa missão coletiva chamada “Voz dos Oceanos”. Ou seja, seguiremos defendendo os oceanos com essa nossa iniciativa que contará com mais duas etapas de aproximadamente dois anos de navegações cada uma. A segunda parte da “Voz dos Oceanos” deverá navegar pela Ásia e África. A terceira levará nosso veleiro Kat e tripulação para a Europa, incluindo, claro, Portugal, e será concluída com o retorno ao Brasil. No total serão mais de 6 anos de “Voz dos Oceanos” navegando pelos mares do planeta, buscando e motivando soluções transformadoras, capazes de recuperar e preservar nossos oceanos.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.