Pisco-de-peito-ruivo capturado numa armadilha. Foto: Luís Ferreira

Há boas notícias: deputados aprovaram a proibição destas armadilhas

Os deputados no Parlamento deram luz verde esta semana à alteração da lei para que o fabrico, posse e venda de armadilhas para aves selvagens passe a ser proibida.

Em causa estiveram os votos favoráveis dos deputados do Bloco de Esquerda (BE), Verdes (PEV), Partido Socialista, Partido Social-Democrata (PSD) e PAN – Pessoas-Animais-Natureza, na última quarta-feira. Antes, tinha sido discutida a petição #ArmadilhasNÃO, levada à Assembleia da República pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), tal como projectos de lei do PAN e do PEV e projectos de resolução do BE e do PSD.

“É bom ver que a maioria dos deputados apoia a proibição das armadilhas, que o nosso esforço para informar os grupos parlamentares a este respeito deu frutos, e que estamos a um passo de tornar a lei mais eficaz, com resultados positivos para a biodiversidade”, reagiu Joaquim Teodósio, coordenador do Departamento de Conservação Terrestre da SPEA, em comunicado.

O Partido Comunista foi o único que rejeitou todos os projectos apresentados, justificando a decisão ao afirmar que as aves são também vitimadas pelas monoculturas intensivas, pela colheita nocturna de azeitona e ainda pelas espécies invasoras, e que estas últimas devem ser capturadas com armadilhas.

A legislação actual já proíbe a morte e captura de aves selvagens, mas isso tem sido insuficiente para impedir que estes casos continuem a acontecer. Assim, vão ser proibidos igualmente o fabrico, venda e posse das armadilhas de mola – conhecidas como esparrelas ou costelas – e de visgo, uma substância adesiva utilizada para apanhar aves.

“Estas armadilhas apanham indiscriminadamente qualquer ave que nelas caia”, nota a SPEA, e normalmente são usadas para as pequenas aves sejam comidas como petisco ou sejam capturadas para depois serem vendidas como animais de companhia.

“As poucas dúvidas levantadas por alguns deputados durante o debate podem ser facilmente resolvidas na discussão na especialidade na Comissão de Ambiente, pelo que esperamos que as lacunas da lei venham a ser colmatadas em breve e que assim se possa evitar a morte de milhares de aves selvagens todos os anos”, acrescentou ainda Joaquim Teodósio.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.