Guarda-rios. Foto: Andreas Trepte/Wiki Commons

Lisboa é o palco da 2ª Cimeira Europeia dos Rios

Centenas de activistas e especialistas reúnem-se de 18 a 20 de Novembro para partilhar conhecimentos, contactos e para coordenar esforços na protecção dos rios, um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. A sessão presencial acontece na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Em cima da mesa estão temas cruciais como o impacto das alterações climáticas nos rios, subsídios perversos à produção de energia, remoção de barragens, o restauro dos rios e a justiça ambiental.

A Cimeira contará com a presença de vários oradores de peso, como é o caso da vencedora do prémio Goldman Prize Recipient Europe Anna Lesoska, Pao Fernández Garrido, do movimento europeu de remoção de barragens Dam Removal Europe, Philip Fearnside, cientista mundialmente reconhecido pela defesa dos rios amazónicos e vários representantes de ONGA como a WWF, RiverWatch, Euronatur, Wetlands International, World Fish Migration Foundation e o Bankwatch. A Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, fará também parte desta que é a maior cimeira europeia de proteção dos rios.

A Cimeira tem uma versão online, com transmissão em directo de todas as sessões numa plataforma dedicada e exclusiva a inscritos. A sessão presencial contará com 200 oradores vindos de vários países e também de Portugal.

Os trabalhos começam às 14h30, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, numa sessão de abertura onde participam a Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa; o presidente do GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e do Ambiente), João Dias Coelho; e Ulrich Eichelmann, do Riverwatch.

Durante a tarde, a cimeira centra-se na ascensão dos heróis pelos rios, onde serão contadas na primeira pessoa as histórias da protecção dos rios que acontece por todo o mundo, nomeadamente no Uganda, na Amazónia e no rio Mekong.

O dia 19 de Novembro dá lugar a novo tema, o impacto das barragens e os subsídios perversos à produção de energia e a relação com as alterações climáticas. Entre os oradores estarão Rui Cortes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que vai falar do rio Douro, e Afonso do Ó, da Associação Natureza Portugal – WWF, com uma apresentação sobre as bacias hidrográficas transfronteiriças e a cooperação ibérica num contexto de alterações climáticas.

Da parte da tarde, o palco será para o activismo pelos rios em Portugal, com a apresentação do trabalho que está a ser feito como o Movimento Rio Douro, o Movimento Pelo Tejo (ProTEJO), o Colectivo Guarda Rios e a Aliança pela Água (referente ao rio Mira).

O último dia será dedicado às alternativas e soluções. Por exemplo, João Joanaz de Melo, da Universidade Nova de Lisboa, vai falar sobre alternativas à produção eléctrica, e Pedro Teiga, da Universidade do Porto, trará casos práticos do restauro de rios em Portugal.

Esta será a segunda Cimeira Europeia dos Rios; a primeira aconteceu em Setembro de 2018 em Sarajevo, na Bósnia-Herzgovina.


Saiba mais.

Conheça estas espécies de peixes que estão a desaparecer dos rios de Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.