Foto: Nuno Branco

Nasceu um coala no Jardim Zoológico de Lisboa para ajudar a conservar a espécie

Desde 1991 já nasceram no Zoo de Lisboa 15 coalas (Phascolarctos cinereus), no âmbito de um programa de conservação internacional que tenta travar esta espécie em declínio.

 

A cria nasceu a 25 de Julho de 2019, após uma gestação de cerca de um mês, anunciou esta semana o Jardim Zoológico. A pequena cria, com menos de 20 milímetros de comprimento e 0,5g de peso, migrou para a bolsa marsupial da sua progenitora, na qual permaneceu durante cerca de sete meses.

Hoje, com pouco menos de sete meses de vida, partilha o seu tempo entre o marsúpio e o colo da mãe.

 

 

Actualmente vivem no Jardim Zoológico cinco coalas, disse a instituição à Wilder, “três fêmeas, um macho e a cria que ainda não sabemos o sexo”. Os animais vieram do Zoo de San Diego (EUA) e a mãe da cria do Zoo de Duisburg na Alemanha.

“O Zoo de Lisboa foi o primeiro Zoo na Europa a ter coalas, desde 1991, altura em que começou a participar no projeto de conservação in situ da espécie, em conjunto com o Zoo de San Diego”, explicou.

Até hoje já nasceram 15 coalas em Lisboa.

 

 

Esta cria, “em princípio, ficará sob cuidado humano” no Zoo.

Os coalas do Zoo de Lisboa são mantidos em “condições óptimas de temperatura, humidade e dieta adequadas à espécie (20 espécies diferentes de eucalipto com entregas de produto fresco 3x/semana)”, especifica o Zoo à Wilder.

A reprodução dos coalas requer atenção especial. “A equipa dos tratadores dos marsupiais do JZ tem de saber identificar o dia e hora certa para juntar o macho à fêmea durante os cerca de quatro meses de duração da época de reprodução.”

 

 

Além disso, não é fácil identificar o parto e a subida da cria para a bolsa marsupial. “O facto de todos os  coalas do JZ estarem habituados a pesagens periódicas (duas vezes por semana) permite identificar a existência de uma cria na bolsa (aumento de peso de uma fêmea) e adaptar o maneio e deita à condição da fêmea e cria.”

“O facto de sermos o único zoo europeu com instalação exterior também nos dá uma grande vantagem em relação aos restantes 14 zoos europeus com coalas.”

De acordo com o Zoo de Lisboa, “o objetivo dos Zoos é constituição de uma população geneticamente saudável para uma possível reintrodução sempre que necessário”. Exemplo disso é o programa de reintrodução do Órix-de-cimitarra e leopardo-da-Pérsia (extinto na Rússia). “O animal está classificado com “Extinto na natureza” e os Zoos que têm a espécie têm reintroduzido pequenos grupos em habitat natural numa tentativa de trazer esta espécie novamente à sua área de dispersão. Os animais são reintroduzidos quando encontramos uma área que reuna as condições para a sua subsistência.”

No caso dos coalas, o objectivo é o mesmo, especialmente dado que, ao longo dos últimos meses, a Austrália foi atingida por um conjunto de fogos devastadores que colocam em grande perigo todo o conjunto de flora e fauna da região.

A equipa de investigadores de campo, pela voz de Kellie Leigh, descreve um “ambiente de total devastação, com cerca de 80% da área de Património Mundial ardida”.

“Consciente de que é fundamental que os apoios continuem a chegar para que seja possível levar a cabo este grande projeto, o Jardim Zoológico vai enviar para a Austrália mais uma tranche de donativo a partir do seu Fundo de Conservação.”

Este montante será utilizado de imediato no resgate e recuperação da flora e fauna australiana.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Como ajudar:

– Doação monetária, até ao final de Março, num dos três mealheiros disponibilizados pelo Jardim Zoológico: um dos mealheiros encontra-se na Loja do Zoo, na zona de acesso livre e os outros encontram-se no interior do Zoo, no Vale dos Tigres e na casa dos Koalas;

– Transferência online direta para o projeto de resgate e recuperação da flora e fauna australiana, através do site desenvolvido pelo Zoo de San Diego para esse efeito.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.