flamingos no meio de um curso de água
Flamingos. Foto: Andrea Schaffer/Wiki Commons

Novo aeroporto condicionado a fundo de 7,2 milhões de euros para as aves

Parecer favorável condicionado a cerca de 200 medidas de compensação foi a resposta da Agência Portuguesa para o Ambiente (APA), conhecida ontem à noite para o novo aeroporto no Montijo.

A proposta de Declaração de Impacte Ambiental (DIA), emitida ontem pela Agência Portuguesa do Ambiente, está condicionada ao cumprimento de cerca de 200 medidas de minimização e compensação ambiental num total de 48 milhões de euros.

Além dos impactos na mobilidade e no ruído, parte desse montante destina-se a compensar os impactos causados nas aves selvagens e no seu habitat.

“O Estuário do Tejo constitui-se como a zona húmida portuguesa mais importante para as aves aquáticas e como local chave para as aves migratórias na rota do Atlântico Este”, escreve a APA, em comunicado.

O novo aeroporto no Montijo vai afectar cerca de 2.500 hectares onde diferentes espécies de aves fazem ninho e se alimentam. 

Para compensar essa “afectação significativa” é imposta a criação de uma área de compensação física com 1.600 hectares (incluindo, por exemplo, o Mouchão da Póvoa).

Outra medida obrigatória é a constituição de um mecanismo financeiro com um montante inicial de 7,2 milhões de euros e uma contribuição anual de 200 mil euros, a gerir pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Este fundo será complementado com o pagamento de uma taxa de 4,5 euros por cada movimento aéreo, “uma vez que os principais impactes no Estuário ao nível da avifauna decorrem do ruído causado pelas aeronaves”.

A proposta de DIA impõe também a dinamização e requalificação do Centro de Estudos para a Migração e Protecção de Aves (CEMPA), também gerido pelo ICNF.

Esta DIA foi já comunicada à ANA – Aeroportos de Portugal que tem agora até 10 dias úteis para se pronunciar, antes de ser emitida a versão final da DIA.

O projecto em questão quer promover a construção de um aeroporto civil na Base Aérea nº6 do Montijo para complementar o Aeroporto de Lisboa, Aeroporto Humberto Delgado.


Saiba mais.

Conheça aqui as espécies selvagens mais afectadas pelo novo aeroporto, segundo o Estudo de Impacte Ambiental.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.