Novo guia ajuda a identificar os peixes de água doce e migradores

A nova obra é coordenada por Maria João Collares-Pereira, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Ciências ULisboa) e do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c).

Este livro de 292 páginas é o primeiro guia de peixes de água doce e migradores de Portugal Continental, anunciou esta quarta-feira em comunicado a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

“Os peixes de água doce são um dos grupos de vertebrados mais ameaçados em todo o mundo. Portugal não é exceção, com mais de 60% das espécies nativas em risco de extinção”, sublinha.

O novo guia, que já está à venda, foi redigido em co-autoria com outros 10 investigadores portugueses: Maria Judite Alves, Filipe Ribeiro, Isabel Domingos, Pedro Raposo de Almeida, Luís da Costa, Hugo Gante, Ana Filipa Filipe, Maria Ana Aboim, Patrícia Marta Rodrigues e Maria de Filomena de Magalhães.

 A equipa nota que esta é uma altura em que os ecossistemas fluviais estão a ser cada vez mais pressionados, não só em Portugal como em toda a região mediterrânica, por vários factores: destruição de habitats, introdução de espécies exóticas, alterações climáticas, entre outros. E que por isso é necessária “a mobilização de todos”.

Os diferentes tipos de ecossistemas fluviais, as características particulares dos peixes que neles habitam e o valor que estes possuem no contexto científico, histórico, ornamental e cultural são alguns dos assuntos abordados.

“Algumas espécies, como a lampreia-marinha, o sável, a enguia-europeia e o achigã, são bem conhecidas do público; mas muitas outras, como os barbos, as bogas, os escalos que vivem nos nossos rios, são praticamente desconhecidas da maioria dos portugueses”, explica Maria João Collares-Pereira.

“O valor destas espécies é incalculável, uma vez que são em muitos casos exclusivas dos rios ibéricos ou dos rios nacionais, o que reforça a importância da sua divulgação também do ponto de vista da conservação”, conta.

A descrição de todas as espécies nativas residentes, migradoras e visitantes marinhas descritas à data, bem como das espécies exóticas presentes nos rios e albufeiras nacionais – num total de 62 espécies – é ainda acompanhada por ilustrações científicas da autoria de Claudia Baeta e de Pedro Salgado, sob a forma de aguarelas originais e de mapas de distribuição em Portugal.

O guia pretende ser uma “ferramenta de elevado valor prático e científico” para os que se interessam por esta área, incluindo “pescadores lúdicos e desportivos, técnicos e gestores ambientais, professores e alunos, para além do público em geral”, acrescenta a coordenadora.

Editado pela Edições Afrontamento, contou com o apoio da Ciências ULisboa e da Fundação para a Ciência e Tecnologia, através do cE3c e do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, do Museu Nacional de História Natural e da Ciência da ULisboa, da Universidade de Évora, da Biota – Estudos e Divulgação em Ambiente, e da Câmara Municipal de Lisboa – Lisboa Capital Verde Europeia 2020.

Enquanto as livrarias não abrem ao público, o guia pode ser adquirido nos sites especializados de livros e no site da editora.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.