Abelhão (Bombus terrestris) numa macieira. Foto: CFE

Universidade de Coimbra lidera projecto para a conservação dos polinizadores em Portugal

O novo projecto PolinizAÇÃO visa combater o declínio de abelhas, borboletas, moscas-das-flores e outros insectos vitais para a sobrevivência de inúmeras plantas e culturas em território nacional.

Coordenado por Sílvia Castro e João Loureiro, docentes e investigadores no Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, tem como um dos seus principais objectivos produzir um plano de acção para ser aplicado a nível nacional, que vai funcionar como “uma referência orientadora de ações concretas de conservação e promoção dos polinizadores e serviços de polinização”, indica a equipa do projecto.

Em causa está o futuro Plano de Ação para a Conservação e Promoção dos Polinizadores e Serviços de Polinização em Portugal, que a equipa classifica como “orientador e pragmático”, e que “vai fornecer uma base estratégica para as partes interessadas, estabelecendo diretrizes claras para promover práticas sustentáveis”, explica uma nota de imprensa divulgada esta semana pela Universidade de Coimbra.

A ideia é realizar todo este trabalho de identificação e de aplicação de acções concretas de conservação dos polinizadores “em estreita articulação com a Rede Colaborativa para a Avaliação, Conservação e Valorização dos Polinizadores e da Polinização – polli.NET“.

Mosca-das-flores (Eupeodes sp.) numa pereira. Foto: CFE

Nos planos da equipa coordenadora está também “mobilizar e consciencializar a sociedade sobre a importância vital destes agentes na biodiversidade e na produção alimentar”, através de iniciativas de comunicação e de educação ambiental, e também o lançamento de acções de ciência cidadã que permitam ao público em geral colaborar com os investigadores para o aumento do conhecimento sobre estes insectos. 

“Os polinizadores desempenham um serviço vital nos ecossistemas, são cruciais para a natureza, a agricultura e o bem-estar humano. No entanto, enfrentam atualmente diversas pressões globais, desde alterações no uso do solo, que promovem a simplificação e homogeneização da paisagem, até invasões biológicas e mudanças climáticas”, explicou Sílvia Castro, citada na nota de imprensa. A investigadora alertou ainda que estas pressões representam uma ameaça significativa à conservação da biodiversidade funcional dos ecossistemas e à produção agrícola sustentável.

Sílvia Castro e João Loureiro, coordenadores do novo projecto. Foto: CFE

“O PolinizAÇÃO representa um compromisso sério com a conservação da nossa biodiversidade”, afiançou por sua vez João Loureiro. “Ao unir esforços com várias entidades, pretendemos avaliar o estado da arte sobre os polinizadores para o território nacional, criar um programa de monitorização de longa-duração, construir o plano de ação propriamente dito, e desenvolver iniciativas de disseminação e divulgação e de ciência cidadã sobre a importância dos polinizadores.”

O novo projeto iniciou-se em Setembro de 2023 e é financiado pelo Fundo Ambiental. Envolve uma parceria de execução com a Rede polli.NET, incluindo membros destacados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, do cE3c – Centre for Ecology, Evolution and Environmental Changes (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), do LEAF – Linking Landscape, Environment, Agriculture And Food (Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa), do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, da Associação BIOPOLIS, do Azorean Biodiversity Group (Universidade dos Açores), da Sociedade Portuguesa de Entomologia e do Centro de Conservação das Borboletas de Portugal – Tagis.  


Se quiser saber mais sobre o PolinizAÇÃO, pode visitar a página do projeto

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.