Foto: Joana Bourgard/Wilder (arquivo)

Quinze escolas de Oeiras vão plantar jardins para borboletas

O projecto Be Butterfly Friendly está a arrancar em 15 escolas do 1º e 2º ciclos do concelho de Oeiras e o grande objectivo é sensibilizar os jovens para a necessidade de proteger a biodiversidade de insetos polinizadores.

Este projecto – coordenado por Clarisse Ferreira, estudante de Doutoramento em Biologia da Universidade de Aveiro (UA) – já tem 15 escolas aderentes mas pretende ter o potencial para ser alargado ao resto do país.

O Be Butterfly Friendly consiste em organizar saídas de campo, visitas exploratórias e atividades de sementeira e plantação nas hortas pedagógicas e biológicas.

As escolas aderentes – que têm hortas biológicas escolares integradas no projeto “Aqui há Horta” da Câmara Municipal de Oeiras – já estão a receber sementes de espécies de plantas para a criação de Jardins de Borboletas.

O projeto arrancou com o início do 2º semestre deste ano letivo e decorrerá até ao final deste ano letivo de 2023/2024 no município piloto, Oeiras.

O Be Butterfly Friendly surge no âmbito da tese de doutoramento de Clarisse Ferreira, orientada na UA pela investigadora Olga Ameixa e pelo professor Paulo Silveira, ambos do Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, uma das unidades de investigação da UA.

“As borboletas são insetos bastante populares, relativamente fáceis de identificar, sendo, por isso, muito estudados”, disse, em comunicado, Clarisse Ferreira. “À semelhança de outros grupos, as suas populações têm vindo a diminuir devido, sobretudo, à perda e fragmentação dos seus habitats, ao uso de pesticidas e às alterações climáticas. Um declínio que pode ter consequências nos serviços de polinização e logo na manutenção dos ecossistemas naturais e na produção de alimentos”, acrescentou a investigadora.

A borboleta fritilária-do-Sul (Melitaea aetherie) é a espécie bandeira deste projeto. Esta espécie está considerada localmente extinta no município de Oeiras e está classificada como Vulnerável pela Lista Vermelha de Grupos de Invertebrados Terrestres e de Água Doce de Portugal Continental, publicada em 2023. A borboleta alimenta-se do cardo-leiteiro (Cynara cardunculus). Na primeira visita às escolas já foram entregues cardos que tinham sido recolhidos no vale de Beijames e cedidos pela ASE – Associação Cultural dos amigos da serra da Estrela.

“Esta primavera irão ser realizadas, pelo menos, sete saídas de campo para dar a conhecer os insetos em geral e os lepidópteros em particular da Quinta de Recreio do Marquês de Pombal”, explicou Clarisse Ferreira. Esta ação conta com o apoio da Divisão de Educação e Ambiente da Câmara Municipal de Oeiras, através da plataforma “OeirasEduca”, para transportar os alunos das escolas até à Quinta de Cima, à Quinta de Recreio do Marquês de Pombal e à Ribeira da Lage, bem como na disponibilização de um espaço do município para a realização da Exposição dos trabalhos dos alunos a concurso.

O projeto é partilhado pelo Clube de Ciência Viva na Escola Secundária Quinta do Marquês e pela Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) e ganhou uma bolsa no valor de 1379 euros, atribuída pela “Forestry and Nature Conservation Agency de Taiwan”, uma organização do Ministério da Agricultura de Taiwan dedicado à gestão florestal sustentável e à conservação da natureza.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.