Plásticos na praia de Watamu, Quenia. Foto: Greg Armfield

WWF lança campanha mundial contra plásticos na natureza

Travar a fuga de plásticos para os oceanos até 2030, através de um acordo global legalmente vinculativo acordado pelos líderes mundiais, é o grande objectivo da campanha lançada hoje.

 

Esta campanha surge um mês antes da assembleia das Nações Unidas para o Ambiente (de 11 a 15 de Março, em Nairobi, no Quénia) e pretende mostrar pela força dos números que a problemática do plástico preocupa a maioria da população mundial.

A iniciativa “No Plastics in Nature – Zero Plásticos na Natureza” começou com uma petição online para “pressionar os líderes mundiais para agirem por uma natureza livre de plásticos”, explicou Ângela Morgado, diretora executiva da Associação Natureza Portugal/ANP – WWF.

“Esta campanha apela ao envolvimento e compromisso de todos, pois cada um de nós pode reduzir o plástico que usa no dia-a-dia e reciclar o que não consegue eliminar.”

Anualmente, oito milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos.

 

Saco de plástico em cima de coral no Oceano Indo-Pacífico. Foto: Jurgen Freund/WWF

 

Destes, 80% têm a sua origem em terra e são arrastados por rios e canais até ao mar. Segundo o relatório da WWF “Sair da Armadilha Plástica” lançado em Junho de 2018, o plástico representa 95% dos resíduos que flutuam no Mediterrâneo e que dão à costa nas praias.

Em Portugal, as zonas de Lisboa e Costa Vicentina apresentam elevadas densidades de microplásticos. Além disso, 20% dos peixes de consumo quotidiano revelam microplásticos nos seus estômagos e 80% das tartarugas-marinhas-comuns (Caretta caretta), cujos juvenis gostam de se alimentar na zona dos Açores, comem lixo, na sua maioria plástico.

“Estes números são preocupantes, mas mais assustador é o impacto que o plástico e os microplásticos têm na saúde humana. É por isso que apelamos a todos para que enviem uma mensagem clara aos líderes políticos: devemtravar a poluição por plásticoagora”, afirma Ângela Morgado.

A próxima ação da campanha global da WWF será o lançamento do relatório sobre o tema a 4 de Março.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.