Foto: Helena Geraldes

Zero alerta que aeroporto no Montijo trará impactos para as aves do Estuário do Tejo

Qualquer tomada de decisão sobre um aeroporto complementar no Montijo terá de levar em conta os “impactes significativos” nas aves e os habitats do Estuário do Tejo, um dos maiores da Europa, alerta hoje a Zero – associação sistema terrestre sustentável.

 

Amanhã o Governo e a ANA – Aeroportos de Portugal assinam um memorando de entendimento para estudar a fundo a opção de um aeroporto complementar na Base Aérea do Montijo, para aumentar a capacidade do aeroporto da capital, Humberto Delgado.

Em comunicado, a Zero defende que a Comissão Europeia terá de emitir um parecer prévio aos impactos da expansão do aeroporto na base aérea do Montjo sobre a Reserva Natural do Estuário do Tejo e sobre a Zona de Protecção Especial (ZPE).

Todos os anos, o Estuário do Tejo é local de passagem, invernada ou nidificação para milhares de aves que migram entre o Norte da Europa e África, como o pato-trombeteiro, o ganso-bravo, a marrequinha, o flamingo e o alfaiate. Segundo a associação, o estuário alberga regularmente mais de 100.000 aves aquáticas invernantes.

O tráfego aéreo poderá atravessar as rotas migratórias dessas aves, com impactos para os animais mas também para a própria aviação, “pelo aumento do risco de colisão”.

Além disso, “a construção muito provável de infraestruturas adjacentes às pistas em pleno Estuário do Tejo poderá ter também um impacte negativo significativo pela destruição e fragmentação de habitats de elevada produtividade e valor em biodiversidade, como as zonas de sapal”, acrescenta a Zero.

Na passada quarta-feira, durante o debate quinzenal no Parlamento, o primeiro-ministro António Costa disse que a decisão definitiva está condicionada à conclusão de um relatório sobre o impacto da migração das aves naquela zona, salientou o jornal Observador. Segundo o primeiro-ministro, que respondia a uma questão da presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, esses dados só estarão disponíveis no final do ano.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça aqui a história por detrás do documentário Estuário – as marés selvagens do Tejo e aqui o trabalho do Grupo de Anilhagem do Estuário do Tejo que está a monitorizar as aves que passam o Inverno na Quinta da Atalaia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.