Leitores: Patrícia Santos encontrou uma borboleta cauda-de-andorinha com as asas “amarfanhadas”

Foto: Patrícia Santos

A leitora Patrícia Santos reparou numa borboleta que tinha ficado colada ao chão devido à chuva e que não conseguia voar e pediu ajuda à Wilder sobre o que fazer. Eva Monteiro explica o que terá sucedido.

 

“Resido na zona de Lisboa e tinha três lagartas na minha arruda, que tal como noutros anos se transformaram em lindas borboletas”, contou Patrícia Santos, numa mensagem enviada à Wilder a 18 de Setembro.

“Este ano uma já saiu do casulo e voou, mas outra encontrámo-la, devido à chuva, colada ao chão. Como se vê na foto em anexo tem as asas danificadas (parecem vincadas e não fecham) e não consegue voar, mas é bastante activa. Demos-lhe água com mel e pareceu beber um pouco mas não sabemos como ajudá-la”, explicou a leitora.

Eva Monteiro, entomóloga ligada à Rede de Estações da Biodiversidade, do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, explica que a chuva poderá realmente ter sido a causa desta situação. “Aconteceu que talvez por causa da chuva, a borboleta não tenha sido capaz de esticar e secar as asas correctamente, e por isso estas ficaram com esse aspecto amarfanhado”, indicou a especialista.

Foto: Patrícia Santos

“Quando as borboletas emergem da crisálida, a quitina – a molécula dura que forma o exoesqueleto de todos os insectos – ainda está mole e durante um curto espaço de tempo as borboletas podem esticar as suas asas, bombeando hemolinfa – o sangue dos insectos – pelas finas nervuras que as percorrem”, descreveu Eva Monteiro.

“Mas a quitina começa a endurecer assim que entra em contacto com o ar e quando as borboletas, por qualquer motivo, não conseguem esticar as asas durante o curto período em que se dá esse endurecimento, já não há nada a fazer: ficam com as asas deformadas, como a borboleta da foto.”

Nestes casos, especificou, não há nada que seja possível fazer para que as asas da borboleta adquiram a forma que deveriam ter para esta conseguir voar.

Ainda assim, nestes últimos dias, a borboleta tem-se aguentado. “Entretanto já perdeu uma asa, mas continua bastante activa, apenas não consegue voar.Temos-lhe dado água com açúcar e já conseguimos com pêra e que bebesse sumo de romã (que adorou!)”, escreveu nesta quinta-feira Patrícia Santos à Wilder. “Temos muita pena dela por não poder seguir o seu ciclo natural, mas enquanto pudermos vamos ajudá-la.”

 


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Inês Sequeira

A minha descoberta do mundo começou nas páginas dos livros. Desde que aprendi a ler, devorava tudo o que eram livros e enciclopédias em casa. Mais tarde, nos jornais, as minhas notícias preferidas eram as que explicavam e enquadravam acontecimentos que de outra forma seriam compreendidos apenas pelos especialistas. E foi com essa ânsia de aprender e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista. Comecei em 1998 na área de Economia do PÚBLICO, onde estive 14 anos a escrever sobre transportes, aviação, energia, entre outros temas. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da agência Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água” e trabalho para um mundo melhor. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.