Foto: Joana Bourgard

Cinco coisas que pode fazer na luta contra o declínio mundial dos insectos

Por todo o mundo, 40% das espécies de insectos estão em declínio e um terço em risco de extinção, num ritmo que é oito vezes superior ao dos mamíferos, aves e répteis. Saiba como lutar para inverter esta tendência.

 

Foi em Fevereiro passado que soou um novo grito de alerta sobre a situação alarmante dos insectos a nível mundial, desta vez bem forte. Uma equipa de cientistas realizou uma revisão científica de 73 estudos realizados em todo o mundo e concluiu que o colapso destes animais está a acontecer a uma escala global.

As principais razões são conhecidas: perda de habitat, poluição, doenças e espécies invasoras, descreve a Buglife, uma organização ambiental britânica dedicada à conservação de todos os invertebrados.

De acordo com um artigo de Craig Macadam, director de conservação da Buglife, estes são cinco pequenos passos que todos nós podemos adoptar para bem dos insectos e de toda a biodiversidade que deles depende, com efeitos importantes no futuro:

 

1. Usar alternativas à turfa nas plantas e no aquecimento: A turfa é um dos materiais mais usados nos compostos que se adicionam à terra de jardins e de hortas, tal como em vasos. Serve também como material para fabricar briquetes para lareiras. No entanto, é extraída das turfeiras, habitat que resultou da acumulação de camadas de materiais vegetais pouco decompostos ao longo de milhões de anos.

Estes habitats são muito importantes para a sobrevivência de várias espécies de plantas, musgos e de insectos. É o caso da borboleta-azul-das-turfeiras, que põe os seus ovos apenas nas flores da genciana-das-turfeiras.

 

borboleta
Borboleta-azul-das-turfeiras. Foto: Svdmolen/Wiki Commons

 

2. Deixar de lado os pesticidas e insecticidas: Estes produtos atacam de forma indiscriminada os insectos que queremos combater e afastar dos jardins, das nossas casas e dos animais de estimação, mas também as “espécies amigas”, colocando em perigo milhares de invertebrados. A palavra de ordem é eliminar ou pelo menos reduzir tanto quanto possível o seu uso.

 

3. Deixar a desordem reinar num canto do jardim: Se tem um jardim, saiba que os insectos não gostam de ambientes muito arrumados, com relvados e canteiros de flores imaculadas. Deixe a relva crescer um pouco mais e guarde um canto para as plantas “daninhas” e para as flores silvestres, onde os polinizadores se podem alimentar. “Se todos os jardins tivessem em conjunto um pequeno cantinho para os insectos, essa seria provavelmente a maior área de habitat para a vida selvagem no mundo”, acredita Craig Macadam.

 

Foto: Joana Bourgard

 

4. Ter atenção à pegada de carbono: Comprar alimentos que foram produzidos a nível local e não a milhares de quilómetros de distância é outra das formas de ajudar os insectos. Dessa forma não estará a contribuir para as longas viagens que esses produtos fazem e que contribuem para as mudanças climáticas – uma das principais ameaças à sobrevivência destes animais, a médio e longo prazo.

 

5. Cuidado com os “passageiros clandestinos”: As árvores e plantas que compramos vindas de outras partes do mundo podem transportar consigo, inadvertidamente, espécies que se tornam invasoras e que vão colocar em perigo os insectos e mesmo outras plantas e animais. Sempre que possível, opte por espécies que foram cultivadas localmente, pergunte e informe-se sobre a origem das plantas, questione.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Quer fazer mais? Saiba o que pode fazer para ajudar os insectos polinizadores e ainda cinco medidas que pode tomar em Portugal para combater as alterações climáticas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.