Mais de 130 pessoas foram à procura de vacas-louras

O 1º Fim-de-semana da Vaca-loura, que aconteceu de 21 e 23 de Junho, juntou 134 pessoas que conseguiram encontrar 31 exemplares do maior escaravelho da Europa.

Os passeios à procura desta espécie aconteceram em Vizela, Lousada, Santa Cruz da Trapa, Canelas (Estarreja) e Sintra, todos a partir das 20h00.

Evento em Sintra. Foto: Carla Rego

“Foram encontradas, no total, 31 vacas-louras”, contou à Wilder João Gonçalo Soutinho, coordenador do projecto VACALOURA.pt. Desde 2016 que esta iniciativa 100% voluntária faz censos de monitorização para tentar perceber qual a situação populacional do escaravelho em Portugal.

Os animais foram encontrados nas árvores, “alguns a lutar entre si, outros a acasalar e, pelo menos, cinco a voar”, acrescentou.

Foto: Carla Rego

Também foram encontradas vacas-louras mortas, sem sinal de predação. “Isto significa que elas, simplesmente, já tinham acabado o seu papel, que é reproduzir-se e deixar ovos. É normal.”

Em todos os cinco locais foram encontradas vacas-louras, o que era um dos objectivos do evento. O maior número de escaravelhos (15) foi encontrado em Canelas. Em Lousada foram observados oito; em Vizela, quatro; em Sintra, três; e em Santa Cruz da Trapa, um.

Evento em Vizela. Foto: Vacaloura.pt

“Os 134 cidadãos que se juntaram a nós ajudaram-nos a encontrar 31 vacas-louras, um número extremamente alto e que nos deixa muito felizes”, salientaram os organizadores.

Segundo João Gonçalo Soutinho, no evento participaram pessoas de todas as idades. “Havia famílias, bebés que vieram com os país e pessoas mais velhas que já não viam vacas-louras há muitos anos e que tiveram o prazer de as voltar a encontrar.”

A vaca-loura (Lucanus cervus) – espécie protegida pela Directiva Habitats e pela Convenção de Berna sobre a Vida Selvagem e os Habitats Naturais na Europa – está classificada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) como Quase Ameaçada. 

Evento em Santa Cruz da Trapa. Foto: Vacaloura.pt

Em Portugal sabe-se que tem vindo a perder muito do seu habitat, com a redução dos carvalhais e dos soutos. Conhecer a dimensão do problema é um dos grandes objectivos do VACALOURA.pt.Em 2018, este projecto de Ciência Cidadã registou mais de 500 indivíduos, graças à ajuda de mais de 300 cidadãos.

O próximo passo é a adoção de percursos de monitorização por parte dos participantes, para continuarem este trabalho.

Segundo João Gonçalo Soutinho, os percursos devem ter 500 metros, percorridos em 30 minutos, numa zona onde já se sabe que ocorrem vacas-louras. O percurso deve ser feito ao pôr-do-Sol (15 minutos antes ou depois), uma vez por semana, até ao final de Julho. Os registos depois serão enviados para os organizadores do projecto.


Agora é a sua vez.

Saiba aqui como pode criar refúgios para os escaravelhos.

Torne-se um perito e saiba aqui onde e como ver vacas-louras em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.