Imagem de esperança vence Wildlife Photographer of the Year

Um momento de ternura entre um homem e um gorila, nos Camarões, foi escolhida pelo público como a fotografia vencedora do Wildlife Photographer of the Year, foi ontem revelado.

 

 

A imagem, da fotógrafa Jo-Anne McArthur, captou o momento em que o gorila fêmea Pikin era levado de um santuário de vida selvagem para outro, nos Camarões, nos braços de um dos seus cuidadores, Appolinaire Ndohoudou. Acabou por ganhar o prémio Wildlife Photographer of the Year People’s Choice.

Esta fotografia foi a escolhida de uma lista de 24 finalistas, por cerca de 20.000 pessoas. Estas 24 fotografias já tinham sido seleccionadas pelos funcionários do Museu de História Natural de Londres das quase 50.000 imagens submetidas no prestigiado concurso de 2017.

“Estou muito grata por esta imagem ter tido impacto nas pessoas e espero que possa inspirar-nos a todos para cuidarmos um bocadinho melhor dos animais”, comentou Jo-Anne, em comunicado. “Registo regularmente as crueldades que os animais têm de suportar às nossas mãos mas às vezes testemunho histórias de salvamento, esperança e redenção.”

Esta imagem, em especial, testemunha a conservação de uma espécie e a nossa ligação com os primatas. Pikin tinha sido capturada e preparava-se para ser vendida pela sua carne quando foi resgatado pela Ape Action Africa.

Segundo o Museu de História Natural, os caçadores furtivos matam animais selvagens para depois venderem a sua carne tanto nos Camarões como em outros países. “Muitas vezes, os gorilas bebés ficam órfãos depois de as suas mães terem sido mortas e ou acabam por morrer sozinhos na natureza ou são vendidos como animais de estimação.”

Jo-Anne captou esta imagem de Pikin quando estava a ser levada para um santuário maior numa floresta onde já vivem outros gorilas. Apesar de Pikin ter sido sedada antes, acabou por acordar durante a viagem, nos braços do seu cuidador, Appolinaire Ndohoudou. Durante o resto do caminho, por estradas esburacadas, esteve sempre calma e tranquila.

À semelhança de Pikin, também Appolinaire foi obrigado a abandonar a sua casa, no Chade, por causa da guerra civil. Reconstruiu a sua vida nos Camarões e o seu trabalho de proteger os animais selvagens reavivou a sua paixão pelo mundo natural.

A fotografia está exposta no Museu de História Natural de Londres até 28 de Maio.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Os prémios Wildlife Photographer of the Year começaram em 1965, numa iniciativa da revista BBC Wildlife Magazine, que na altura se chamava Animals. Nesse ano 500 fotografias foram a concurso. Desde então, o evento cresceu e, em 1984, o Museu de História Natural de Londres passou a estar envolvido no projecto. O grande objectivo é inspirar as pessoas para apreciarem e conservarem o mundo natural.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.