lobo ibérico
Lobo ibérico conservado no Museu de História Natural, Lisboa. Foto: Joana Bourgard

WWF condena morte de lobos em Castela-Leão

Agentes da Consejería de Meio Ambiente da Junta de Castela-Leão abateram ontem um lobo-ibérico em Gredos, o segundo animal caçado oficialmente pelas autoridades para fins de controlo populacional. A organização WWF condena estas mortes e lembra que esta é uma espécie protegida.

 

“A WWF mostra a sua indignação por esta medida, que não servirá para evitar ataques ao gado e que não tem suporte legal”, escreve o núcleo espanhol da organização internacional em comunicado.

No início deste ano, a Junta de Castela-Leão anunciou o abate de quatro lobos a Sul do rio Douro (dois em Salamanca e dois em Ávila) para controlo populacional e defesa das explorações de gado. A medida teve como resposta uma campanha de protesto lançada pela WWF, “Marca o território pelo lobo”, hoje com mais de 22.500 assinaturas. O objectivo era reunir 20.000 assinaturas pelo fim da perseguição ao lobo-ibérico (Canis lupus signatus) em Espanha.

Ainda assim, dos quatro lobos já foram abatidos dois, este em Gredos e um outro no início de Fevereiro em Ávila.

A WWF quer saber se estão a ser cumpridos todos os requisitos para aplicar este tipo de medidas excepcionais. “A lei é muito clara: antes de matar um lobo, a Junta deve provar que aplicou, e que fracassaram, outras medidas preventivas para evitar ataques ao gado”, recorda a organização. Até agora, a Junta não respondeu às perguntas da WWF, sublinhou.

“Este ataque a uma espécie estritamente protegida é intolerável”, disse Juan Carlos del Olmo, secretário-geral da WWF espanhola. “Não vamos parar de denunciar a Junta de Castela-Leão até que deixe de matar lobos e trabalhe a sério para fomentar a coexistência com o sector de criação de gado”, acrescentou.

A WWF pede aos cidadãos que “se mobilizem contra a perseguição de uma espécie que é património de todos”. Este domingo, dia 13 de Março, está prevista em Madrid uma manifestação convocada pela defesa do lobo, na qual vão participar cerca de 200 organizações .

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.