The Trustees of the Natural History Museum, London

As exposições que interessam nos museus de História Natural lá fora

Os museus de História Natural de Madrid, Paris, Londres, Nova Iorque, Chicago e a Academia de Ciências da Califórnia têm grandes exposições temporárias para 2015. Uma mão cheia de boas ideias para aproveitar lá fora.

Museu de História Natural de Madrid:

Naturalezas Ilustradas. La colección Van Berkhey del Museo Nacional de Ciencias Naturales (de 29 de Abril de 2014 a 29 de Março de 2015): continuam expostas no museu as quase cem ilustrações do holandês Johannes Le Francq van Berkhey (1729-1812), médico, naturalista e desenhador. É autor de centenas de desenhos de animais, plantas, rochas e fósseis; quis representar o maior número de espécies sistematicamente ordenadas. Nesta mostra podemos apreciar ilustrações zoológicas, incluindo trabalhos sobre mamíferos, aves, insectos, anfíbios e répteis, peixes, artrópodes e moluscos. A exposição fica completa com 150 exemplares das colecções do museu que correspondem às espécies desenhadas por Berkhey.

Fauna del Parque Nacional de la Sierra de Guadarrama (de 23 de Dezembro de 2014 até final de 2015): a exposição mostra a história geológica deste espaço natural, a importância de organismos quase invisíveis que vivem na água e no solo e a rede de ligações que importa preservar. A iniciativa inclui ainda as investigações em curso pelos investigadores do museu na área protegida e dioramas feitos pelos taxidermistas do princípio do século XX.

Museu de História Natural de Paris:

Sur la piste des grands singes (de 11 de Fevereiro de 2015 a 21 de Março de 2016): criada pelo próprio Museu de História Natural de Paris, a exposição centra-se na descoberta da vida de chimpanzés, gorilas e orangotangos na floresta tropical. A exposição é composta por cinco partes: as três primeiras apresentam as seis espécies de grandes símios, mostrando as suas características morfológicas, a sua evolução e a Ciência que tem sido desenvolvida sobre elas. A quarta parte, o coração da exposição, faz o público mergulhar numa floresta, onde pode descobrir o dia-a-dia destes grandes animais no seu ambiente: como vivem em grupo, como se deslocam entre as árvores ou no solo, como comunicam ou fabricam utensílios para procurar alimento. Por fim, a quinta parte ilustra as ameaças que pesam sobre os grandes símios e propõe pistas de conservação.

Museu de História Natural de Londres:

Coral reefs: secret cities of the sea (de 27 de Março a 13 de Setembro de 2015): O ano no museu de Londres fica marcado por esta exposição sobre recifes de coral. “Estes não são só ambientes lindos. São alguns dos ecossistemas mais diversos do planeta, que dão alimento e habitat para milhares de espécies marinhas”, comenta Ken Johnson, investigador do museu e perito em recifes de coral. A mostra inclui um recife de coral vivo, imagens impressionantes do Catlin Seaview Survey – estudo científico para estudar e registar as espécies que vivem em alguns dos mais famosos recifes do mundo – e ainda mais de 200 espécimes das colecções do museu, entre eles corais, peixes e fósseis. Para que se possa maravilhar, estará exposto o gigantesco coral Turbinaria coral recolhido por Charles Darwin.

Wildlife Photographer of the Year (até 30 de Agosto de 2015): a mostra das melhores fotografias da vida selvagem do mundo já é uma instituição e referência internacional. Mas este ano, a exposição das 100 fotografias vencedoras do prestigiado concurso internacional tem um bónus. Para celebrar os 50 anos deste prémio, o museu expõe imagens de outras edições que ficaram para a história e um documentário sobre a competição e as mudanças na fotografia de natureza no último meio século. E se quiser igualar o feito do fotógrafo norte-americano Michael ‘Nick’ Nichols – que foi o grande vencedor da edição deste ano com uma imagem a preto e branco de cinco leoas e suas crias a descansar junto ao mar no Parque Nacional Serengeti (Tanzânia) – pode concorrer à 51ª edição do prémio até 26 de Fevereiro.

Sensacional butterflies (de 2 de Abril a 13 de Setembro de 2015): desde há seis anos que as borboletas têm casa nos relvados do museu. E este ano não é excepção, trazendo-nos a 7ª edição desta exposição temporária. Dentro da estufa – onde, em 2014 chegaram a ser contadas 1000 borboletas num só dia – os visitantes podem passar bons momentos no meio destes animais. Poderão ainda descobrir a ciência por detrás destas criaturas delicadas e os seus fantásticos ciclos de vida.

Museu de História Natural de Nova Iorque:

Nature’s Fury: the science of natural disasters (de 14 de Novembro de 2014 até 9 de Agosto de 2015): painéis interactivos ajudam os visitantes a descobrir os processos por detrás de sismos, vulcões, tornados e furacões. Há até a possibilidade de manipular um modelo de uma falha sísmica, gerar um vulcão virtual, simular que se está no centro de um tornado e aferir da força do furacão Sandy, através de um mapa interactivo da cidade de Nova Iorque. A exposição trata ainda de como as comunidades respondem e se adaptam a estes eventos e como os cientistas podem ajudar a reduzir riscos e preparar eventos futuros.

The Butterfly Conservatory (1 de Novembro de 2014 a 25 de Maio de 2015): esta é uma das exposições temporárias anuais mais populares do museu. Tem uma estufa e um longo corredor com informação, fotografias e espécimes de borboletas.

Natural histories: 400 years of scientific illustration from the Museum’s Library (de 19 de Outubro de 2013 a 12 de Junho de 2015): a exposição explora o papel do desenho nas descobertas científicas através de 50 reproduções de grande formato da colecção de livros raros do museu (que tem mais de 14.000 livros, desde o século XV). Mostra obras de Albrecht Durer, John Woodhouse Audubon, Maria Sibylla Merian, Joseph Wolf e Moses Harris.

The Field Museum of Natural History, Chicago:

Into the Bat Caves of Kenya (de 27 de Agosto de 2014 a 31 de Dezembro de 2015): o museu fez, há um par de anos, talvez a sua aquisição mais radical ao contratar Emily Graslie, a autora do programa no Youtube “Brain Scoop – Adventures in Taxidermy, Biology and Natural History“. Hoje, o canal no Youtube já tem mais de 257.000 subscritores e abriu horizontes na comunicação do trabalho feito pelos museus de História Natural. Esta foi uma aposta ganha e Chicago não abdica dela. Esta exposição multimédia é prova disso mesmo. Uma equipa do museu e a equipa do programa viajaram até ao Quénia para gravar os sons dos morcegos numa gruta nas profundezas da montanha Suswa.

Lichens: the coolest things you’ve never heard of (de 17 de Dezembro de 2014 a 31 de Outubro de 2015): Siga os peritos do museu nas suas expedições e entre no mundo fascinante e surpreendente dos líquenes. Veja-os aumentados, observe-os ainda com a ajuda de luz ultravioleta e partilhe com o museu os locais onde já os viu, para ajudar a descobrir novas espécies.

Academia de Ciências da Califórnia (São Francisco):

Habitat Earth – living in a connected world (16 de Janeiro de 2015 até ao final de 2015): Até agora, o planetário Morrison, da academia, era utilizado para projecções ligadas à Astronomia e ao Espaço. “Em vez de olharmos só para as estrelas, a equipa do Morrison usa ferramentas digitais e dados científicos para contar as histórias do planeta Terra”, explica Ryan Wyatt, director do planetário. O espectáculo leva o visitante a mergulhar no oceano e explorar as relações dinâmicas nos ecossistemas do fundo do mar mas também a escavar o solo da floresta e ver como as árvores mais altas do mundo dependem de minúsculos fungos para sobreviver.

Whales, giants of the deep (3 de Abril a 29 de Novembro de 2015): esta é uma exposição do museu Te Papa Tongarewa, em Wellington (Nova Zelândia) – e cujo nome Maori quer dizer “arca de tesouros” -, que percorre o mundo desde 2008. Agora chegou a vez da Academia de Ciências da Califórnia. O museu neozelandês alberga uma das maiores colecções de baleias do mundo e esta mostra inclui mais de 20 crânios e esqueletos de várias espécies.

Color of Life (12 de Junho de 2015 até ao final de 2016): a exposição só começará a ser montada nesta Primavera mas o museu adiantou-nos que a mostra estará recheada de animais vivos e painéis interactivos para explorar o papel das cores no mundo natural. Insectos com cores de jóias e aves com plumagens eléctricas juntam-se a répteis e anfíbios multicoloridos para nos ajudar a compreender que tudo no planeta está interligado. Recorrendo à tecnologia, poderemos ver o mundo através dos olhos de um animal e visualizar como as espécies usam a cor para se camuflar, para comunicar e atrair outros indivíduos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.