Em Perigo: Carrazeda de Ansiães organiza Festival do chasco-preto

O Município de Carrazeda de Ansiães vai organizar, nos dias 4 e 5 de Maio, o Festival do Chasco Preto, ave classificada como Criticamente Em Perigo de extinção.

“Esta atividade deriva do facto de Carrazeda de Ansiães ter uma das maiores concentrações da espécie Oenanthe leucura, vulgarmente conhecido como chasco-preto, que está classificado como espécie criticamente em perigo”, explicou o município em comunicado.

Chasco-preto (Oenanthe leucura). Foto: Christoph Moning/WikiCommons

O Festival do Chasco Preto tem como objetivos “alertar a sociedade para a ameaça do desaparecimento desta espécie” e “identificar o concelho de Carrazeda de Ansiães como um território com um enorme potencial na área do turismo ornitológico”.

O evento vai dividir-se em dois momentos distintos. O primeiro envolve a realização de um Concurso de Fotografia dedicado inteiramente a esta ave, com início a 1 de Março; as fotografias podem ser submetidas até ao dia 15 de Abril. O júri é composto por Pedro Alves (PALOMBAR), Artur Cascarejo (PNRVT) e pelo fotojornalista Leonel de Castro, convidado pelo Município de Carrazeda de Ansiães. A revelação das fotografias vencedoras vai decorrer no dia 5 de Maio, no auditório do CITICA, no Seminário do Festival do Chasco Preto.

Os prémios são atribuídos às três fotografias vencedoras: 1º lugar 250€; 2º lugar 125€ e 3º lugar 65€.

O segundo é o festival propriamente dito, onde estão incluídas uma caminhada de observação; fotografia; anilhagem científica e um seminário.

Segundo a Lista Vermelha das Aves, “o chasco-preto está unicamente presente próximo do Tejo internacional e da metade interior do rio Douro”.

“A espécie habita em zonas áridas ou semiáridas e está associada a zonas com pouca vegetação e de declive acentuado, muitas vezes nos vales encaixados das linhas de água. A espécie nidifica tipicamente em cavidades de afloramentos rochosos ou de muros e outras construções humanas normalmente construídas em pedra.”

“Na zona do Douro, que constitui a principal área de ocorrência, a espécie está muitas vezes associada a vinhas e olivais, mas sobretudo a socalcos em pedra e solo exposto.”

Os locais onde a espécie é mais comum são no vale do rio Douro, entre a desembocadura dos rios Côa e Pinhão, com especial relevância para o sul do concelho de Carrazeda de Ansiães.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.