Fotografia: gosta de flamingos? Então este livro é para si

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“Flamingos e o Sal da Ria de Aveiro” é o mais recente livro do fotógrafo naturalista João Nunes da Silva. Reúne o melhor de quatro anos a observar estas aves, outrora raras e que agora se podem ver frequentemente na Ria de Aveiro.

João Nunes da Silva, fotógrafo de natureza há 32 anos, acompanha as aves das salinas e da ria de Aveiro durante todo o ano. Os flamingos (Phoenicopterus roseus) são as suas aves preferidas.

Foto: João Nunes da Silva

Este naturalista lembra-se “perfeitamente” da primeira vez que viu flamingos. “Foi na Reserva Natural do Estuário do Tejo, numa visita de barco para os fotografar, estava eu a dar os meus primeiros passos como fotógrafo de natureza na década de 80. Nunca mais me esqueci de um enorme bando de centenas de aves a passar por cima de nós ao entardecer. Ainda tenho essas fotografias no meu arquivo.”

“No passado, eram bastante raros, mas a partir do final da década de 80 a presença de grandes bandos de flamingos (alguns com centenas de indivíduos) passou a ser habitual nas principais zonas húmidas portuguesas”, nota.

Este seu amor pelas “aves cor-de-rosa” transformou-se agora em livro.

“É um livro para todos os que apreciam a fotografia de natureza, que tenham alguma ligação com a Ria de Aveiro ou que apreciem aves. Embora seja um livro que aborde os flamingos na Ria de Aveiro, não é um livro técnico, mas sim um livro de fotografia também com uma vertente artística”, explicou João Nunes da Silva à Wilder.

Foto: João Nunes da Silva

“Flamingos e o Sal da Ria de Aveiro”, lançado a 15 de Abril passado, tem 84 fotografias captadas entre 2019 e 2023 e textos em Português e Inglês. Está organizado em quatro capítulos: “O regresso dos flamingos”, “Uma ave fascinante”, “A ria e o sal” e “A inédita nidificação”.

O último capítulo diz mais respeito à espécie do que à Ria de Aveiro. “Já que se trata de um livro sobre flamingos, achei que era uma mais valia acrescentar a história da primeira nidificação confirmada de flamingos em Portugal que aconteceu em 2021 na Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António e que eu acompanhei.” 

Em Julho desse ano eclodiram cerca de 550 jovens flamingos numa colónia de cerca de 3.000 indivíduos numa das salinas da Reserva Natural. Estava comprovada, pela primeira vez, a nidificação com sucesso destas aves em Portugal.

Foto: João Nunes da Silva

Voltando ao livro, João Nunes da Silva quis “consolidar o trabalho que tinha vindo a fazer desde 2019 em torno do flamingo na Ria de Aveiro”. “Era uma espécie que observava e admirava nas salinas em Espanha e França e agora podia observar frequentemente na Ria de Aveiro, onde até há poucos anos eram raros.”

Com esta sua obra, o fotógrafo lembra a relação dos flamingos com as salinas, habitat de eleição para a espécie. “Em diversos locais do globo os flamingos nidificam em salinas, como acontece por exemplo na região da Camargua em França e também na Laguna de Fuente di Pedra em Espanha. Os flamingos não nidificam na Ria de Aveiro mas as salinas, ou “marinhas” com também são conhecidas, são uma das imagens da região de Aveiro.”

Foto: João Nunes da Silva

Segundo este fotógrafo, um livro “é uma coisa palpável que podemos ter na mão e apreciar com diferentes sentidos o resultado de um trabalho. Dá um prazer enorme a um fotógrafo”. Além disso, acrescenta, “posso transmitir às pessoas uma abordagem mais íntima dos flamingos, que a maioria das pessoas só consegue observar ao longe, acompanhado de textos descritivos sobre as espécie”.

Mas fotografar flamingos traz os seus desafios.

“Os maiores desafios para mim tiveram sempre a ver com a elaboração de imagens aéreas e as condições para o fazer”, explica. “Tentei sempre nunca perturbar os flamingos, pois as aves sentiam-se nervosas com o ruído do drone e uma aproximação mais perto levava o bando a voar. Evitei sempre este tipo de situações.”

Foto: João Nunes da Silva

O que mais gozo lhe deu “foi, sem dúvida, quando conseguia ter um bando de flamingos num campo de visão muito perto, por vezes a menos de 15 metros, e para além de fotografar, conseguia fazer excelentes filmagens. Tive dezenas de ocasiões destas”.

E de entre centenas de fotografias, há uma que destaca. É “a imagem final do livro, um grande plano das centenas de jovens flamingos que nasceram em 2021 na Reserva Natural em Castro Marim. Para mim foi um privilégio acompanhar esta nidificação e testemunhar ao vivo este inédito acontecimento em Portugal que não se voltou a repetir”.


FLAMINGOS E O SAL DA RIA DE AVEIRO

Por João Nunes da Silva

Editado por: ILUSTRANATUR

Data de publicação: 15 de Abril de 2023

Número de páginas: 144

Preço: 25 €

Local de venda: www.joaonunesdasilva.net


Agora é sua vez.

Se estiver interessado em observar flamingos, João Nunes da Silva sugere, além das principais zonas húmidas portuguesas, a ria de Aveiro, o estuário do Mondego, a lagoa de Óbidos, a zona do Parque das Nações (Lisboa), a Lagoa de Santo André, a Ria de Alvor, Vilamoura e a Lagoa dos Salgados.

Pode encontrar mais informações sobre esta espécie no site Aves de Portugal.


Saiba mais.

João Nunes da Silva, 58 anos, vive em Matosinhos e é fotógrafo profissional de natureza há 32 anos. Mais do que uma profissão é um estado de espírito, diz. Fotografa e escreve. Tem cinco livros publicados e fotografias e artigos publicados em revistas como a National Geographic Portugal e a BBC Wildlife Magazine e em jornais como o PÚBLICO e o Expresso. Nos anos 80 foi um dos fundadores da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.

Quer aprender a fotografar a natureza num bosque de Outono? Conheça aquias sugestões que João Nunes da Silva fez à Wilder.

Saiba mais sobre o trabalho deste fotógrafo de natureza neste artigo que publicámos na Wilder.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.