Que espécie é esta: Maios

O leitor Carlos Afonso fotografou esta planta perto do Cerro de São Miguel, no Algarve, a 3 de Abril e quis saber o que se tratava. Carine Azevedo responde.

Trata-se de uma planta conhecida como maios (Iris xiphium var. xiphium).

Espécie identificada e texto por:  Carine Azevedo, consultora na gestão de património vegetal ao nível da reabilitação, conservação e segurança de espécies vegetais e de avaliação fitossanitária e de risco. Dedica-se também à comunicação de ciência para partilhar os pormenores fantásticos da vida das plantas.

A planta da fotografia pertence à família Iridaceae e é vulgarmente conhecida como maios (Iris xiphium var. xiphium).

Trata-se de uma planta vivaz, bolbosa que pode atingir até 90 cm de altura. As folhas verde-azuladas são persistentes, lanceoladas, compridas e que têm a particularidade de dobrar ao em meio em todo o comprimento. As flores são grandes de cor azul-violeta. 

É uma espécie nativa da Europa meridional (Portugal, Espanha, Itália, etc.), França e Norte de África (Argélia, Marrocos e Tunísia). No nosso país podemos encontrar esta espécie no centro e sul do território continental, surgindo habitualmente em zonas de prados, clareiras de matos, matagais esclerófilos e pinhais.

Em Portugal existe uma outra variedade desta espécie, a Iris xiphium var.lusitanica. Trata-se de uma espécie endémica, também conhecida como maios ou lírio-amarelo-dos-montes, cujas flores são amareladas. Esta pode ser vista na região centro litoral e interior, sendo comum nas margens de matagais e em bosques. 

Esta espécie (Iris xiphium var.lusitanica) encontra-se protegida por legislação comunitária, nomeadamente pelo Anexo V da Diretiva Habitats – Directiva 92/43/CEE do Conselho, de 21 de Maio de 1992, relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens. As espécies constantes neste anexo apresentam-se de interesse comunitário, podendo a sua colheita na natureza e exploração ser objeto de medidas de gestão. 

A floração dos maios ocorre entre abril e junho.


Agora é a sua vez.

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Explore a série “Que espécie é esta?” e descubra quais as espécies que já foram identificadas, com a ajuda dos especialistas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.