Abutre-preto. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Abutre-preto reintroduzido na Bulgária encontrado morto por electrocussão

A fêmea Extramadura tinha sido reintroduzida no ano passado na Bulgária num esforço para tentar devolver o abutre-preto, espécie ameaçada de extinção, a este país europeu.

 

Extramadura era uma fêmea nascida em Espanha e libertada na região montanhosa de Kotel, na Bulgária, em Abril de 2019. Fazia parte de um grupo de 10 abutres-pretos (Aegypius monachus) que ali foram reintroduzidos e se estavam a adaptar bem à região, segundo um comunicado da Fundação de Conservação dos Abutres (Vulture Conservation Foundation).

Mas este mês, os dados emitidos pelo GPS de Extramadura fizeram soar os alarmes na equipa do projecto Vultures Back to LIFE – coordenado pela organização Green Balkans e com parceiros da Bulgária, Espanha e Alemanha.

“Infelizmente, os seus piores receios confirmaram-se quando encontraram o abutre morto. Extramadura torna-se, assim, o primeiro abutre-preto a morrer de electrocussão na Bulgária”, escreve a Fundação.

A 21 de Março, Extramadura e outros dois abutres deslocaram-se até à região de Silistra. Mas as más condições atmosféricas do dia seguinte tornaram difícil o seu regresso a Kotel. Depois de algumas tentativas para fazer a viagem de regresso, Extramadura caiu numa região desconhecida, chocando contra uma linha eléctrica que se revelou fatal.

A 27 de Março, um assistente de campo do projecto Vultures Back to LIFE encontrou Extramadura perto da povoação de Malogradets, no município de Antonovo. A equipa só conseguiu localizar Extramadura graças ao transmissor de satélite.

A necropsia, feita no Centro de Reabilitação e Reprodução de Vida Selvagem dos Balcãs, revelou feridas externas causadas pelo contacto com as linhas eléctricas.

 

Foto: Green Balkans

 

Segundo a Fundação, as colisões com linhas eléctricas são uma das maiores ameaças às grandes rapinas como os abutres.

O projecto Vultures Back to LIFE (de Agosto de 2015 a Junho de 2022) está a tentar reintroduzir o abutre-preto na Bulgária. A equipa vai transferir cerca de 60 aves, a maioria vinda da Extremadura (Espanha), criar campos de alimentação, melhorar as populações de herbívoros selvagens, melhorar as condições de nidificação, criar ninhos artificiais e combater o uso ilegal de venenos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.